Relator antecipa que dossiê não será mencionado no relatório da CPI dos cartões

27/05/2008 - 15h11

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos não fará menção ao suposto dossiê, que teria sido elaborado pela Casa Civil, contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse hoje (27) que esse caso não é objeto da investigação da CPMI."O objetivo central da CPI foram os gastos com cartão de pagamento. A questão relativa ao vazamento [do suposto dossiê] está sendo investigada pela Polícia Federal. Não haverá nenhuma referência a isso no relatório. Isso caberá à PF", disse.Luiz Sérgio negou que a falta de referência ao dossiê fosse uma tentativa de proteger a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "A ministra Dilma veio a Senado e se saiu muito bem. Ela sabe se defender e não precisa de blindagem nenhuma", comentou.A presidente da CPMI, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), tem opinião contrária. Para ela, houve tentativa de blindar Dilma Rousseff do escândalo do dossiê. "O governo não quer que a investigação chegue ao Palácio do Planalto", disse Marisa. E completou: "A ministra Dilma faltou com a verdade quando disse que não havia dossiê e não podemoscompactuar com um governo arbitrário, que aceita fazer dossiê".Na quinta-feira (29), os dois sub-relatórios devem ser lidos. O sub-relator de sistematização, deputado Índio da Costa (DEM-RJ), disse que, caso Luiz Sérgio não incorpore ao relatório final as suas sugestões, irá  encaminhá-las ao Ministério Público. "É inacreditável que, depois desse escândalo do dossiê, o deputado Luiz Sérgio diga que não vai incluir no seu relatório [menção ao dossiê]. O dossiê é uma peça real, concreta e o que o relator não incluir, mandaremos para o Ministério Público", disse.A CPMI fez hoje uma reunião com a base governista atropelando a oposição e rejeitando os últimos requerimentos de convocação. Foram rejeitadas todas as convocações de pessoas ligadas à Casa Civil, que teriam relação com a elaboração e vazamento do suposto dossiê. Foram, ainda, rejeitadas as convocações de duas pessoas que participaram de almoço com André Fernandes e José Aparecido Pires, dois dos principais acusados de vazamento do dossiê. Na ocasião, Aparecido teria admitido que fez o levantamento dos dados por ordem da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra.A leitura do relatório final da CPMI deverá ser feita na próxima semana.