Lideranças indígenas se mobilizam para manifestação em Brasília

02/05/2008 - 8h40

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Lideranças indígenas, comunitárias e representações demovimentos sociais que vivem no município de Lábrea, no sul doAmazonas, estão se mobilizando para uma manifestação a ser realizada no próximo dia 13em Brasília. O objetivo é cobrar novamente do poder público acriação das reservas extrativistas (Resex) nas áreas dos rios Ituxi emédio Purus - localizadas no município - e tentar impedir ofechamento do escritório regional do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na cidade. A dataescolhida para apresentação das reivindicações é a mesma em que serárealizado, na capital federal, o Grito da Terra -  mobilização promovidahá 14 anos pelos trabalhadores rurais. Cerca de 40 pessoasdevem sair do Amazonas para participar da ação. A reivindicação de criação das duas reservas é antiga. Emjunho do ano passado, em entrevista à Agência Brasil, o secretário dePolítica Agrícola e Desenvolvimento da Federação dos Trabalhadores naAgricultura (Fetagri) no Amazonas, Aldenor Barbosa, declarou que pelomenos desde 2005 o governo estadual vem postergando essa situação e porisso nenhuma decisão definitiva para implantação das áreas de proteçãoambiental foi tomada. Sobre o fechamento do escritório do Ibama emLábrea, de acordo com carta das lideranças, essa intenção representa umerro que ainda pode ser revertido. Na carta, eles apontam algumas dasconseqüências possíveis caso isso ocorra, como o aumento do número decrimes ambientais no município, incluindo o desmatamento e a extraçãode madeira ilegal; a caça e pesca predatórias e a extração de minérios(que, segundo as lideranças, já vem sendo ilegalmente praticada na áreado Ituxi). Ainda no documento, as representações envolvidas denunciam aprecariedade no funcionamento da Secretaria Municipal do Meio Ambiente."Por tudo isso, achamos que seria um grande erro por parte dasautoridades competentes desativar o escritório do Ibama no município deLábrea, deixando-nos desprotegidos e desamparados, à mercê dosdepredadores, não só o município de Lábrea, mas também Canutama eTapauá", diz a carta, que é assinada por 17 instituições,entre elas a Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas do MédioPurus (Atamp), Associação dos Produtores Agroextrativistas daComunidade da Volta do Bucho (APAC – VB  Rio Ituxi), Associação dasMulheres Indígenas Médio Purus (Amimp), Associação da Comunidade dosAgricultores Indígenas do Caititu (Acaiac), Comissão Pastoral da Terra(CPT – Lábrea), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), GrupoTrabalho Amazônico (GTA), Conselho Indigenista Missionário (CIMI),Associação dos Madeireiros de Lábrea (Asmadel) e Secretaria Municipalde Ação Social.Segundo a coordenadora regional do Conselho Nacional dosSeringueiros na região do médio Purus, Vanderleide Ferreira de Souza,as denúncias sobre o fechamento do escritório do Ibama em Lábreasurgiram de pessoas que trabalham diretamente com a instituição. Elarevela que a preocupação com essa possibilidade é grande na comunidade, lembrando que o município tem grande extensão deterra e que, em função disso, já existem dificuldades para contenção dasações irregulares no meio ambiente local. "Daqui sai muita madeiraclandestinamente. Com o Ibama aqui, já chega a acontecer esse tipo decoisa, imagina se eles saírem da cidade", disse.A Assessoria de Comunicação do Ibama no Amazonas não confirmou ofechamento do escritorio regional da instituição em Lábrea. Contudo,informou que isso pode ocorrer, tendo em vista que existem propostaspara redução dos escritórios regionais e implantação do Instituto ChicoMendes em parte dessas localidades.A carta elaborada pelas lideranças indígenas, comunitárias e de movimentos sociais de Lábrea será divulgada nopróximo mês em Brasília. Ela já foi encaminhada à direção doIbama, do Instituto Chico Mendes e ao Ministério do Meio Ambiente.