Hugo Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A aplicaçãodas leis vigentes e a criação de pactos trabalhistasdevem ser usadas como instrumentos de combate à escravidãono campo, afirma o ministro da Secretaria Especial dos DireitosHumanos, Paulo Vannuchi. Pesquisa divulgada esta semana pelaComissão Pastoral da Terra (CPT) relaciona o aumento dotrabalho escravo à crescente produção decana-de-açúcar. “A relaçãoda expansão da cana-de-açúcar para a produçãode biodiesel e a degradação do trabalho é umproblema que deve preocupar, mas nada que não possa sergarantido com o adequado pacto de convivência previamenteformulado. As leis trabalhistas no Brasil têm de ser respeitadas emqualquer hipótese”, afirmou o ministro apósparticipar hoje (17) de entrevista a emissoras de rádio, noestúdio da Empresa Brasil de Comunicação(EBC), em Brasília.O dados da CPT mostramque o número de trabalhadores explorados subiu de 6.930, em2006, para 8.635, no ano passado. As plantações de canaforam apontadas como as grandes vilãs do crescimento. Vannuchiafirma que pesquisas sobre o assunto são imprecisas.“Não épossível dizer que o trabalho escravo aumentou no Brasil poruma razão muito simples: não há pesquisascapazes de verificar qual é o número de trabalhadoresem condições escravas”, argumentou.A divulgaçãode mais casos de trabalhadores submetidos a situaçõesirregulares, segundo o ministro, reflete o aumento das açõesdo governo para inibir os crimes e punir os responsáveis. “Cresce o combate aotrabalho escravo. Então, não há nenhuma condiçãode afirmar que tenha aumentado o trabalho escravo no Brasil e hácondição de afirmar que aumenta o combate.”Sobre a produçãode cana-de-açúcar, Vannuchi considera possívelaliá-la ao plantio de alimentos, sem prejuízosambientais e violações aos direitos humanos. “A expansão dacana-de-açúcar não irá até a Amazônia e não eliminará a produçãode alimentos. O Brasil tem terras de sobra para produzir o etanol eos alimentos e exportar para o mundo inteiro como estáfazendo.”