Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A falta decontêneires vazios para mercadorias que deveriam ser exportadas poderá afetar o comércio exterior brasileiro. A avaliação é do diretor executivo da AssociaçãoBrasileira de Terminais e Recintos Alfandegários (Abtra), JoséRoberto Campos. Segundo ele, com a greve dos auditores fiscais daReceita Federal, que já dura um mês, estão comprometidos 90% da capacidadede armazenamento dos terminais portuários do país. Normalmente, há uma ocupação de50% da capacidade dos portos.
No porto de Santos, o maior do país,120 mil contêineres estão parados, o que corresponde apraticamente toda a movimentação mensal dos terminais.“Isso comprova que, nesses 30 dias as liberaçõesforam muito baixas”, disse Campos. Segundo ele, nesta semana, doisnavios que deveriam aportar em Santos cancelaram a atracaçãopor falta de espaço nos terminais de cargas.
Além disso, o diretor da Abtra conta que faltammatérias-primas importadas e, com isso, várias indústriasestão paradas. Também já se constata odesabastecimento no mercado interno. De acordo com Campos, a situaçãoé mais “dramática” nos aeroportos. “A Infraeroestá praticamente sem espaço, com demoras pararecebimentos de cargas de exportação, filasintermináveis”, contou.
Para o vice-presidente da Associaçãode Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto deCastro, o principal impacto da greve é na imagem do país.“Estamos passando a imagem de um país que não cumprecompromissos. E, num mundo globalizado, todos têm uma função,e ela deve ser exercida no prazo estabelecido”, avaliou.
Castro disse que o principalprejuízo financeiro para os importadores é com o custoda armazenagem. Já os exportadores correm o risco de ter onegócio cancelado. “Na exportação, temos umprazo para embarcar uma mercadoria. O descumprimento desse prazo gerao direito do importador cancelar o negócio e nóssabemos que existem operações que estão sendocanceladas”, revelou. Na opinião do vice-presidente da AEB,o governo federal deveria ter negociado com os auditores para evitarque a greve iniciasse.
O vice-presidente do Sindicato dasAgências de Navegação Marítima de SãoPaulo (Sindamar), José Roque, relatou que a capacidadeoperacional do porto de Santos está entre 92% a 95%comprometida. “Mas, por enquanto, não tivemos naviosdesviando do Porto de Santos nem há navios na barra aguardandoatracação”, admitiu.
O diretor do Sindicato Nacional dosAuditores-Fiscais da Receita Federal (Unafisco) MaurícioZamboni, alegou que a categoria está cumprindo a determinaçãode manter o efetivo mínimo de 30% dos auditores trabalhando.“A nossa intenção não é causarprejuízos. Esperamos que o governo apresente uma propostacondizente para que a gente possa sair do movimento”, disse.
Segundo o Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, osimpactos da greve só serão avaliados quando a Câmarade Comércio Exterior (Camex) fechar os dados da balançacomercial de abril, o que deverá ocorrer no dia 5 de maio.