Marcos Chagas e Sabrina Craide
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Após a leiturada criação de uma Comissão Parlamentar deInquérito (CPI) composta apenas por senadores para investigaro uso de cartões corporativos no governo federal, o líderdo governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse hoje (8)que a oposição quebrou o acordo com a base do governoao pedir uma CPI exclusiva no Senado e, por isso, os governistas vãoreivindicar tanto a presidência, quanto a relatoria da novacomissão. Jucáargumentou que a oposição "quebrou o acordo"firmado com os governistas, que cederam ao PSDB a vaga de presidenteda CPI mista dos Cartões Corporativos, composta porrepresentantes das duas Casas, Senado e Câmara dos Deputados. A comissão mista, presidida pela senadora tucana Marisa Serrano (MS), foi instalada no dia 11 de março. “Nósdefendemos a partilha de cargos da CPMI [Comissão ParlamentarMista de Inquérito] no Congresso exatamente para construir umentendimento. Se esse entendimento acaba, não temos nenhumoutro compromisso com a oposição”, disse Jucá. Segundo ele, oscargos deverão ficar com o PMDB e com o PT, que serãoos dois maiores partidos com representação na nova CPI.Pouco antes, o líderdo PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), havia afirmado que aoposição terá "uma reaçãoespartana" a qualquer tentativa dos governistas em retirar dostucanos e do DEM o direito de indicar um dos cargos. O líderda Minoria, Demóstenes Torres (DEM/GO), disse que nãohouve qualquer quebra de acordo com os governistas por parte daoposição. "Nós não fizemos acordopara não investigar. A investigação nãoaconteceu (na CPMI)", justificou Demóstenes. Segundo ele,o governo colocou na CPMI deputados, "alguns com as maioresdesqualificações possíveis", para impediras investigações. Ele disse que aoposição vai brigar por um dos dois cargos. “Se ogoverno for tentar os dois, já é mais uma briga”,afirmou. O senador diz que sua preferência é pelarelatoria, especialmente se ele for o indicado para representar aoposição.Já opresidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB/RN), lamentou acriação de mais uma CPI. “Qualquer pessoa de bomsenso haverá de chegar à conclusão que uma CPIprecisa ter tranquilidade para apurar a verdade. E duas CPIs semtranquilidade, sem compreensão dos verdadeiros deveres de umaoperação, faço pouca fé nesse trabalho”,disse. Para Garibaldi, abriga entre governo e oposição pelos principais cargosé uma “divergência anunciada”. “Uma apuraçãodessas não pode ser tratada dessa maneira”, concluiu.