Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A maioria dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes épraticada por alguém do núcleo familiar e acontece de forma crônica erepetitiva. A observação é de Jéferson Drezett, médico ginecologista,coordenador do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington, em SãoPaulo.Um balanço do hospital divulgado na semana passada, levando em conta númerosde 2007, apontou que 90% dos casos de violência sexual acontecem de formacrônica, ou seja, repetitivamente, e que 12% deles ocorrem num prazo maior decinco anos. Desses casos crônicos, 85% são praticados por alguém do núcleofamiliar.“Normalmente o abuso sexual de crianças termina acontecendo na maior partedo tempo dentro de casa e com a agravante de que normalmente elas são abordadaspor um adulto que deveria ter o papel de adulto protetor”, afirmou o médico.Drezett diz que o hospital atendeu, no ano passado, 517 crianças, entre 12 e17 anos, vítimas de violência sexual. Do total de 1.926 casos, 43%representavam crianças menores de 12 anos.“Para nós, esse número não chegou a ser uma surpresa porque nós temosconstatado, em uma série de pesquisas dentro e fora do Brasil, que as criançasconstituem um grupo muito vulnerável a sofrer violência, muito frágil e muitoexposto à possibilidade de abuso sexual”, explica.Segundo Drezett, é importante que estes casos de violência contra criançassejam identificados o mais rápido possível para que o “ciclo de violência” sejarompido e para que se possa oferecer mecanismos de proteção o mais rapidamentepossível. O médico ressaltou a importância das denúncias. “Qualquer pessoa podecomunicar um caso que seja do seu conhecimento e levar ao conhecimento dasautoridades”, afirma.