Falta de escolarização exclui pessoas com deficiência do mercado de trabalho, diz Conade

06/04/2008 - 11h42

Adriana Brendler
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Asempresas devem reservar vagas para portadores de deficiência, de acordo com a Lei Federal 8213/91. Mesmo com a criação da reserva de vagas no mercado detrabalho para pessoas com necessidades especiais, elas continuam excluídas porcausa da falta de escolaridade. A opinião é de Alexandre Baroni, presidente doConselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade).“Nós estamos todo o tempo ouvindo os empresários dizerem quenão há pessoas com deficiência para ocupar as vagas garantidas a elas pelascotas no mercado de trabalho, quando isso não é verdade. O que nós temos sãomuitas pessoas com deficiência, infelizmente, com nenhuma ou pouca escolaridadepor causa desse histórico de exclusão, o que faz com que elas fiquem à margemdesse processo”, afirmou.Para ele, a “reserva de vagas é essencial, é um mal necessárioneste momento”, mas a educação é que vai fazer a diferença, já que háaproximadamente de 16 a 17 milhões de pessoas com deficiência no país em idadede trabalho, e a maioria delas está fora do mercado, e só uma pequena parcelaserá empregada pelas cotas.Ao comentar a ampliação do programa Benefício de Prestação Continuada (BPC) na escola e os númerosda educação especial no Brasil, Baroni afirmou que a relação entre deficiência epobreza não deve ser subestimada.“Grande parte do grupo de pessoas que está fora da escola,sejam elas usuárias ou não do BPC, infelizmente não tem condições, muitasvezes nem de comer ou de sair de casa. Muitos dos deficientes que estão fora daescola e do BPC são pessoas em condições de trabalhar, mas não conseguem chegarà escola e muito menos ao trabalho. São pessoas adultas, que passaram da idadeescolar e não tiveram acesso à educação por conta do histórico de exclusãosocial das pessoas com deficiência no Brasil, passando pela educação e todas asoutras questões”.Baroni destacou a decisão do governo federal de incluir na suaagenda social a inclusão das pessoas com deficiência, mas considerou ainciativa ainda muito recente diante da histórica exclusão, e apontou anecessidade de levar para a prática os avanços alcançados no campo do discurso.“É muito pouco tempo que está se falando de programasgovernamentais que tornem escolas públicas, transporte, cidade e informaçãoacessíveis. A nossa posição é de fiscalização junto ao governo para que aspropostas, os discursos na saúde, educação e outras áreas passem para a ação.Políticas já são prioridade, mas é necessário fiscalizar para que sejamimplementadas”, defende.