Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O fato de o Brasilatrair capitais num momento de turbulência internacionaldeveria ser percebido como um fator para elevar o país ao graude investimento. A afirmação foi feita hoje (2) peloministro da Fazenda, Guido Mantega, em encontro com o presidente daBolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), Manoel Felix Cintra Neto,em Brasília.Hoje, a agência de classificaçãode risco Fitch Ratings concedeu ao Peru o grau de investimento(investment grade, em inglês). Com a elevaçãoda nota, o país vizinho passou a ser considerado como de baixorisco de inadimplência para os investidores internacionais.Segundo Cintra Neto,falta pouco para a Fitch conceder a mesma classificaçãoao Brasil. “O país está às vésperas deconquistar o investment grade. Não me surpreenderiase a elevação da nota saísse ainda neste mês”,disse.O grau de investimento é uma classificaçãoconcedida pelas agências internacionais de análise derisco para os países considerados como seguros para osinvestidores estrangeiros. A nota leva em conta a solidez dosfundamentos econômicos, como a situação dascontas públicas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)e a vulnerabilidade a crises externas.Para o presidente da BM&F, a crise do mercadoimobiliário norte-americano serviu como prova de que o mercadode ações brasileiro é forte o suficiente parasuportar a volatilidade dos investidores internacionais. “As duasbolsas fizeram emissões importantes após o inícioda crise nos Estados Unidos e deram possibilidade para osinvestidores estrangeiros que precisaram de liquidez”, disse,referindo-se à BM&F e à Bolsa de Valores de SãoPaulo (Bovespa).De acordo com Cintra Neto, a atuaçãodo mercado de ações tem se revelado importante para aatividade produtiva ao estimular a capacidade de investimento dasindústrias que arrecadam recursos por meio de ações,e para reduzir um possível aumento na inflaçãomotivado pela falta de mercadorias.“As empresas estão prontas para responderao crescimento. Não acredito em qualquer estrangulamento nademanda”, ressaltou. “O Brasil é o segundo maior emissorde ações no mundo”.Cintra Neto conversou com Mantega sobre a fusãoda Bovespa e da BM&F, anunciada no último dia 26. Com afusão, a bolsa de valores brasileira se constitui como aterceira maior do mundo, depois apenas das de Chicago (EstadosUnidos) e Frankfurt (Alemanha). Segundo o presidente da BM&F, oministro vê com entusiasmo o lançamento de um "grandecentro de arrecadação de capitais" no continentesul-americano.O processo de integração da BM&Fcom a Bovespa está previsto para ser concluído atéo final do mês. Segundo ele, o comando da nova instituiçãodeve ser definido em 60 dias, após a fusão sersubmetida à apreciação dos órgãosreguladores, tais como a Comissão de Valores Mobiliários(CVM) e o Banco Central, e também com a realizaçãodas assembléias de acionistas.Hoje (2), o índice Ibovespa fechou em altade 0,94%, aos 63.364 pontos. Como a queda acumulada é de 0,8%no ano, o índice está praticamente estável apóso agravamento da crise nos Estados Unidos.