Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A mineradora Vale assinou hoje (1º) com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contrato de financiamento no valor de R$ 7,3 bilhões, dentro da linha de limite de crédito rotativo. Essa linha foi aberta pela instituição em 2005, a fim de facilitar empréstimos para a realização de um conjunto de projetos de grandes grupos econômicos, clientes tradicionais cujo histórico de crédito apresenta risco pequeno.
Essa “é a maior linha já disponibilizada pelo BNDES para uma empresa só”, disse o presidente do banco, Luciano Coutinho, acrescentando que ela corresponderia ao tamanho da companhia. O crédito será utilizado pela Vale nos próximos cinco anos, em 18 projetos a serem realizados no país, principalmente em logística e mineração, voltados à exportação.
O presidente da Vale, Roger Agnelli, destacou que o financiamento "representa previsibilidade e tranqüilidade para realizar um plano de investimentos agressivo, o maior de uma empresa privada no Brasil”. E que envolve recursos de US$ 59 bilhões até 2012, contra US$ 18 bilhões no qüinqüênio anterior. Do total, cerca de US$ 44 bilhões serão aplicados no país, sendo até US$ 4 bilhões em pesquisas.
Ele informou que a Vale está buscando também crédito junto a agências de fomento internacionais e negou que a operação tenha qualquer ligação com a crise norte-americana no mercado de hipotecas de alto risco – ela visaria atender à demanda doméstica e aos clientes no exterior, porque a empresa trabalha no limite da capacidade e isso tem elevado os preços, provocando uma inflação por demanda. “Por isso, é importante que a gente aumente o mais rápido possível a nossa produção para atender essa demanda e, ao mesmo tempo, acalmar um pouco essa curva ascendente do preço das matérias-primas”, avaliou Agnelli.
Luciano Coutinho afirmou que ao fornecer uma garantia prévia, o crédito “ajuda a demonstrar a todo o sistema bancário que há uma linha sólida já assegurando uma parte desse financiamento – e eu espero que, com isso, o BNDES ajude a criar credibilidade e facilite à Vale completar o seu processo de funding [captação de recursos] normal”. Roger Agnelli comemorou o financiamento, "um apoio do governo brasileiro aos projetos da Vale”.
A empresa terá cinco anos para desembolsar os recursos contratados com o BNDES e o prazo de pagamento será de dez anos. Do total do crédito, 80% serão baseados em dólar e 20% em Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que é a taxa praticada pelo banco em suas operações. O diretor financeiro da Vale, Fábio Barbosa, esclareceu que o crédito não será desembolsado integralmente pela empresa este ano e será utilizado para amortizar outras dívidas da empresa.O maior projeto da carteira da Vale no período 2008/2012 é o da implantação da mina de Serra Sul (PA), que prevê investimentos de US$ 10 bilhões. O projeto depende de licenciamento ambiental e a expectativa é de a mina entrar em produção em 2011, com quase 70 milhões de toneladas/ano de minério de ferro. A Vale é, atualmente, a segunda maior mineradora do mundo. Ela emprega em torno de 152 mil pessoas no país, incluindo prestadores de serviços. Com os novos investimentos, a meta é acrescentar ao quadro mais 62 mil empregados.