Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Empurradas pelo câmbio favorável, asimportações continuam crescendo a ritmo mais aceleradoe o setor que particularmente preocupa a indústria nacional éo de bens de capital sob encomenda. A afirmação édo presidente da Associação Brasileira daInfra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy,para quem a ampliação das compras deste tipo de produtono exterior põe em risco a produção brasileira.“Essa é uma indústria muitosólida, que requer investimentos maciços e formaçãode pessoas. Embora os indicadores demonstrem uma expansão dasatividades industriais internas, estamos perdendo muito espaçopara equipamentos importados”, avaliou hoje (1º) depois departicipar da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômicoe Social (CDES), em Brasília.Em entrevista exclusiva à AgênciaBrasil, Godoy antecipou que os bens de capital sob encomendaserão contemplados na nova política industrial dogoverno federal – que deve ser divulgada nas próximassemanas. Ele descartou a aplicação de sobretaxa paraentrada deste tipo de produto no país. “Temos que criarcondições internas de competição parafavorecer essa comparação com o câmbio comoestá”, opinou. Entre as medidas da política industrial,devem constar programas de incentivo à inovaçãoe ao desenvolvimento tecnológico. Outra medida provávelé a desoneração de investimentos. “Háuma série de medidas que podem ser tomadas e esperamos queelas sejam o pontapé inicial para cobrir parte dessa indústriaque não está conseguindo competir por fatores alheios àsua vontade e ao domínio das próprias empresas”,disse Godoy. Sobre a crise norte-americana, Godoy disse que oBrasil não está imune aos seus reflexos e que o momentoé de cautela. “Com a economia globalizada, qualquer um quetenha um problema doméstico acaba afetando os outros de algumamaneira”, afirmou. Ele frisou que os Estados Unidos respondem por30% do comércio mundial. O presidente da Abdid não teme, no entanto,o fantasma doméstico da inflação - que deixa o governo federal em alerta em razão do aumento do consumo interno. “Nãohá uma sinalização de um problema derecrudescimento da inflação. Alguns indicadores vãopara esse caminho, outros não”, ponderou. Godoy defendeu a desoneração dosinvestimentos de forma a incentivar a expansão do setorprodutivo e o conseqüente aumento da oferta. “Combater ainflação é ter um sistema de fornecimento deprodutos, bens de consumo, bens duráveis e matéria-primasuficiente para abastecer o crescimento do país. Temos queestar preparados para isso porque o país ainda tem umaoportunidade enorme de expansão do consumo”, avaliou.