Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupantes de um terreno privado em Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo, participaram de um ato público hoje (1º) que contou com a participação e o apoio do bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio. Junto com organizações não-governamentais (ONGs), o bispo visitou o local e reuniu-se com famílias para dar incentivo e mostrar solidariedade. Segundo ele, há um grande número de famílias no acampamento, que ainda está sendo montado, enfrentando situações adversas em busca de um espaço para morar.“Observei muitas crianças e jovens, além de idosos, enfrentando uma situação muito difícil porque durante o dia é muito calor e à noite muito frio. Eles estão lá pelo direito fundamental de toda família que é o de ter um lugar para viver e criar seus filhos. Eu presto meu apoio e solidariedade a todo tipo de luta pacífica e que visa a igualdade das pessoas, principalmente as crianças que estão lá.”As famílias estão no local desde a noite da última sexta-feira (28). Outros dois terrenos, um em Campinas e outro em Mauá também foram ocupados pelo MTST. As ocupações fazem parte da jornada de luta urbana realizada por movimentos populares em nove estados brasileiros. Segundo a coordenação do MTST, o objetivo das ocupações é o de chamar a atenção do governo e da sociedade para as condições miseráveis em que vivem milhões de famílias brasileiras e reivindicar direitos fundamentais como moradia digna, emprego, transporte público, educação pública de qualidade, creche e tarifa social de energia elétrica.De acordo com um dos coordenadores do movimento Daniel Lage os três terrenos são privados e ociosos. Em Embu das Artes, cerca de 700 famílias estão no local. Em Mauá e Campinas, outras mil famílias ocupam cada um dos terrenos. “Por enquanto em nenhum dos três terrenos houve pedido de reintegração de posse e nós devemos permanecer nos acampamentos até que seja dada uma solução ao problema de moradia das famílias”. Os manifestantes querem que as autoridades providenciem locais para a transferências dos assentados.Segundo Lage, as famílias são oriundas de locais impróprios para moradia e de favelas no entorno das ocupações. Ele explicou que em Embu das Artes, a prefeitura recebeu alguns representantes do MTST, mas não atendeu as solicitações do grupo. No final da tarde de amanhã (2) os manifestantes devem sair em passeata até a Câmara Municipal onde receberão uma carta de apoio dos vereadores. “Vamos lá para mostrar que os vereadores estão ao nosso lado”, afirmou Lage.De acordo com ele, o MTST iniciará uma luta contra a administração local até que suas reivindicações sejam atendidas. “Queremos pelo menos uma infra-estrutura básica para o acampamento, que seria o mínimo de gesto de humanidade com relação às pessoas que estão aqui lutando por um direito legítimo à moradia digna.”Segundo o coordenador do MTST em Campinas, Gabriel Simeone, a prefeitura alega que "o problema não é dela", porque o terreno é privado, mas o grupo acredita que a administração municipal tem responsabilidade com relação ao déficit habitacional da cidade. A assessoria de imprensa da Companhia de Habitação (Cohab) de Campinas, informou que a única providência da prefeitura é notificar o proprietário, que já entrou com pedido de reintegração de posse na Justiça. Segundo a assessoria de imprensa, desde 2001, não ocorrem ocupações na cidade. A assessoria de imprensa da prefeitura de Mauá afirmou que ontem (31) houve uma reunião entre representantes do MTST e o secretário municipal de Habitação, José Roberto Correa, e foi acertado que os manifestantes devem permanecer no local durante essa semana para que a prefeitura entre em contato com o proprietário do imóvel para tentar uma negociação. A prefeitura se comprometeu a enviar banheiros químicos e água potável para o acampamento.A prefeitura de Embudas Artes afirmou que “repudiaveementemente esse tipo de invasão, já que há nacidade uma política habitacional em andamento”. Segundo a assessoria de imprensa, há projetos de moradia em execução e aatual gestão mantém um “diálogo positivo”com movimentos sociais. Segundo a prefeitura, existem atualmente 510 unidadeshabitacionais em construção e 300 já foramentregues para famílias com renda abaixo de trêssalários mínimos. Além disso, 45 devem serentregues até maio dentro do Programa de Subsídio àHabitação de Interesse Social.