Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Ocorpo do coordenador doMovimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Eli Dallemole, de42 anos, foi enterrado hoje (1º) de manhã em Tamarana,nas proximidades de Londrina, norte do Paraná. Ele foiassassinado na noite de domingo (30), dentro de casa, no AssentamentoLibertação Camponesa, em Ortigueira, onde morava com afamília. A polícia prendeu ontem (31) cinco homenssuspeitos de envolvimento no crime.Entreeles está o proprietário da Fazenda Copramil, oadvogado Adilson Honório de Carvalho, de 35 anos, que presideo Sindicato dos Comerciantes de Cornélio Procópio.Segundo o delegado-chefe da Divisão Policial do Interior, LuizAlberto Cartaxo, os detidos também são acusados departicipar de uma tentativa de expulsão dos acampados naCopramil, no dia 8 de março, quando foram queimados váriosbarracos do acampamento, dentro da fazenda.Deacordo com o MST, o trabalhador vinha sendo ameaçado de mortehá mais de dois anos, situação que se agravouapós o ataque em março. O MST divulgou nota cobrando da Justiça a puniçãodos responsáveis “por mais um assassinato de trabalhador semterra no estado”.Segundoo movimento, no ataque em março, 15 pistoleiros aterrorrizaramas 35 famílias do MST acampadas na área e queimaramtodos os pertences dos trabalhadores. De acordo com o relato,crianças foram ameaçadas e arrastadas e mulheres ehomens espancados, ficando apenas com a roupa do corpo. Muitos nãoconseguiram salvar nem seus próprios documentos.Setepistoleiros foram presos em flagrante pela polícia e levados àDelegacia de Ortigueira. Foi instaurado um inquérito policialpara investigação de formação de milíciaarmada, pela polícia de Curitiba.Segundoo delegado Cartaxo, a polícia está investigando amotivação do assassinato do sem-terra. “A hipóteseprincipal é de que a morte pode ter sido uma retaliaçãopela invasão na Fazenda Copramil, em 2003. Mastambém há um fator que pode ter motivado o crime. Umdos detidos foi expulso do acampamento pela vítima, teria tidouma desavença, e isso também pode ter influenciado ocrime”, contou.Tambémestão presos Genivaldo Carlos de Freitas, de 32 anos,conhecido como Jango; José Moacir Cordeiro, 35 anos; OdenirSouza Matos, 34 anos, conhecido como Zezinho; e Valderi AparecidoOrtiz, 27 anos. “Todos os detidos já tinham prisãopreventiva decretada pela Justiça por estarem envolvidos natentativa de retomada da Fazenda Copramil no início de março”,informou o delegado.Eledisse que a esposa do agricultor assassinado teria reconhecido a vozde dois dos presos, afirmando que eles estiveram no acampamento. Ossuspeitos teriam usado capuzes na hora do crime. “As investigaçõesmostram que um deles pode ter dado cobertura durante o crime.Apreendemos duas balaclavas [gorros] na casa de um deles”.Cartaxo disse que as testemunhas contaram que ascaracterísticas físicas também coincidem com asdos suspeitos. Os detidos responderão pelo crime de homicídioe porte ilegal de armas. Também serão investigados porsuposta tentativa de homicídio, já que teriam sidoreconhecidos como autores, além de responder pela tentativa deexpulsão dos sem-terra da Fazenda Copramil.