Antonio Arrais
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Dos 5.564municípios brasileiros, apenas 39% têm meios de destinaçãoadequada para os resíduos sólidos coletados, enquantoos 61% dos municípios, que não dão destinoadequado, "contribuem para a degradação do meioambiente, do solo, das águas e, principalmente, estãocolocando em risco a saúde pública da população,num quadro bastante precário", segundo o assessor Jurídico e de Assuntos Institucionais daAssociação Brasileira de Empresas de Limpeza Públicae Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Silva Filho, ementrevista à Rádio Nacional. De acordo com o assessor, a situaçãomais crítica está concentrada nas RegiõesNorte e Nordeste, onde os percentuais de municípios que nãodão destinação adequada aos resíduossólidos chegam a 85% e 76%, respectivamente. Situaçãoinversa é registrada nas Regiões Sudeste, puxada pelo estado de São Paulo, e a Sul.Carlos Silva Filhocitou o que ele considera um dado mais preocupante ainda: alémdo alto percentual de municípios que não fazemdestinação adequada dos resíduos sólidos,no ano de 2007 "dez milhões de toneladas de resíduosurbanos sequer foram coletados, o que demonstra, com certeza, que eles nãotiveram destino adequado".O diagnósticodessa situação precária, segundo o representanteda Abrelpe, se deve "a um conjunto de fatores, como a falta deuma cultura sobre a real necessidade de adequação dadestinação dos resíduos sólidos, a faltaem muitos municípios de locais adequados para a construçãode aterros sanitários ou depósito ou qualquer outraforma de recepção de resíduos adequada, mas,principalmente, à falta de recursos a serem aplicados nesse setor".Segundos dados citadospor Carlos Silva Filho, a média de gastos dos municípiosbrasileiros, em 2007, com esse setor de resíduos sólidos,está em R$ 2,20 por mês, por domicílio de quatropessoas, o que significa mais ou menos entre R$ 0,60 a R$ 0,80 pordia, por pessoa: "Então não dá para fazernada com esse valor tão pequeno", alerta o especialista.Para Carlos SilvaFilho, não há necessidade de uso de recursos públicosna melhoria dos serviços do setor, "porque existemempresas privadas dispostas a investir nesse setor, embora falteaplicação desses recursos públicos em pesquisasde tecnologias alternativas e de reciclagem, o que significaria aaplicação de políticas públicas de apoioao setor".O representante daAbrelpe lembrou que, na semana passada, a Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma regulamentaçãode que o pet (garrafa de plástico) agora pode ser reciclado para poder fazer pet paraalimentos novamente, porque a tecnologia permite isso."Nós temosque ter o cuidado de não deixarmos que esse pet vá paraum aterro sanitário, mas que volte para a cadeia produtiva,para se tornar pet novamente e volte para a sua utilizaçãonormal", disse Carlos Silva Filho.