Desperdício diário de água é suficiente para abastecer 38 milhões de pessoas

22/03/2008 - 0h27

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Diariamente nas capitais brasileiras o desperdício de água potável equivale a 2.500 piscinas olímpicas (em média 2,5 milhões de litros de água). E a culpa neste caso,não é do consumidor. A perda de cerca de seis bilhões de litros – o suficientepara abastecer 38 milhões de pessoas – acontece entre a retirada dos mananciaise a chegada às torneiras.

Os números fazem parte de um relatório do InstitutoSocioambiental (ISA), que traça um panorama do alcance de sistemas desaneamento básico e do volume de desperdício de águas no país. De acordo umadas coordenadoras do ISA Marussia Whately, as perdas são causadas porvazamento nas redes de abastecimento, sub-medição nos hidrômetros e fraudes.

“A maioria das capitais – 15 das 27 – perdem mais dametade da água produzida”, de acordo com o relatório. Porto Velho, capital deRondônia, é a campeã em desperdício, com 78,8% de perda. As cidades de Rio Branco, de Manaus ede Belém também têm índices superiores a 70%. O desperdício nessas capitais seriasuficiente para abastecer quase cinco milhões de habitantes.

De acordo com a superintendente de Produção de Água daCompanhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Tânia Baylão, aredução de desperdício passa por garantia de investimentos nas redes eatendimento rápido de notificações de vazamentos. 

“Combater a perda tem que ser uma diretriz básica, temosinclusive uma linha de financiamento prioritária para isso”. O Distrito Federalé a unidade da federação com o menor registro de perda na distribuição, com27,3%.

Além da perda na distribuição, orelatório também apresenta um mapa do consumo doméstico de água e mostra que amédia nacional, de 150 litros per capita, está 40 litros acima dorecomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em cidades como São Paulo,Rio de Janeiro e Vitória, o consumo ultrapassa 220 litros por dia.

“Infelizmente, o brasileiro achaque como temos bastante água no Brasil, não é preciso economizar. Pelocontrário, temos regiões em que se você dividir o volume de água pela população,podemos considerá-las como áreas de déficit hídrico, como São Paulo e Rio deJaneiro, por exemplo”, explicou o chefe das assessorias da Agência Nacional deÁguas (ANA), Antônio Félix Domingues.

A representante do ISA Marussia Whatelyaponta a conta de água conjunta em condomínios residenciais como uma das causasdo alto consumo em regiões urbanas. “O usuário acaba não tendo o mesmo cuidadocom o aumento do consumo de água assim como tem com a conta de luz”, compara.Ela defende que “pequenas transformações em hábitos diários podem gerar grandesmudança” e acredita que a conscientização é uma das ferramentas para diminuir odesperdício.