Yara Aquino e Mylena Fiori
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Oendurecimento das regras para a entrada de brasileiros na Espanha nãofoi tratado, pelo menos oficialmente, pelo presidente Luiz InácioLula da Silva e pelo presidente da Comissão Européia,José Manuel Durão Barroso. Após reuniãode cerca de uma hora e meia e almoço, hoje (19), no Itamaraty,Lula disse à imprensa que o assunto está sendo tratadodiretamente com os espanhóis, mas demonstrouotimismo quanto a uma rápida solução para oproblema. “Opresidente Durão Barroso nos ajudou muito quando tivemosproblemas com Portugal, e agora temos que tratar diretamente com aEspanha, porque é onde o problema está mais grave, e oministro [das Relações Exteriores] Celso Amorimestá cuidando disso”, afirmou o presidente."Tenho certeza que os espanhóis têm a mesma admiração que o Brasil tem pela Espanha. Somos amigos do presidente Zapatero [José Luis Rodríguez Zapatero] e acho que essas coisas serão resolvidas logo, logo."O assunto deve ser tratado pelos dois governos, apósa Páscoa, em Madri, num encontro proposto pelo ministro dasRelações Exteriores da Espanha, Miguel Angel Moratinos,ao chanceler Celso Amorim.NemLula nem Durão Barroso mencionaram o embargo europeu àcarne brasileira. O assunto também não consta dadeclaração conjunta divulgada ao final do encontro –no documento, os dois mandatários apenas saudarama instalação do Mecanismo de Consultas sobre QuestõesSanitárias e Fitossanitárias, que em breve iniciarásuas atividades de consulta e coordenação entre oBrasil e a Comissão Européia. Alémde tratar do plano de ação para a parceria estratégicafirmada pelas duas regiões em julho do ano passado – e queterá ênfase nas áreas de energia; desenvolvimentosustentável e mudança do clima; e cooperaçãoem ciência e tecnologia – Lula e Durão Barroso falaramsobre temas globais, como a atual rodada de negociaçõesda Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar dosimpasses e da diferença de interesses, os dois presidentesdemonstraram otimismo quanto ao sucesso da Rodada. “Achoque ele está otimista e eu estou otimista, acho que háboa vontade dos Estados Unidos nesse momento, há boa vontadeda União Européia, há boa vontade do G -20[grupo de países em desenvolvimento] e, portanto, achoque não se espantem se logo, logo, tivermos um acordo naRodada Doha, o que será muito bom para todo mundo”, disseLula, ao final do encontro.Em rápida declaração informal à imprensa, Durão Barroso frisoua importância da rodada e citou a necessidade de atuação conjunta de Brasil eUnião Européia não apenas neste tema, mas em outras questões de interesseglobal.“Hoje, nenhum país do mundo, nem os melhores, consegue sozinho dar resposta aosproblemas globais. Se nos juntarmos, e o Brasil e a União Européia partilham osmesmo valores da liberdade, da solidariedade, da paz e da justiça, podemosfazer grandes coisas juntos”, disse ele. “O Brasil, que durante muitos anos foiapresentado como uma grande esperança, hoje é uma grande certeza”, afirmou. EnquantoLula e Durão Barroso estavam reunidos, quatro ativistas daorganização Greenpeace protestaram contra odesmatamento da Amazônia em frente ao Palácio doItamaraty. Eles seguravam duas faixas com os dizeres em inglêse português: “Chega de madeira ilegal e desmatamento naAmazônia.”