Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Uma eventual desaceleração daeconomia norte-americana, maior consumidora de petróleo domundo, por um período de dois trimestres, certamente afetaráo mercado de petróleo, afirmou hoje (18), no Rio de Janeiro, opresidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli. Ele destacou, entretanto, que “isso depende doque vai acontecer com a economia real” dos Estados Unidos.Gabrielli previu, ainda, que a demanda poderá cair, embora nãose tenha uma visão tão clara do comportamento domercado depois do que definiu como “agudização” dacrise - marcada pela venda esta semana do banco de investimento BearStearns ao JP Morgan Chase por um preço equivalente a 7% doseu valor de mercado.Em entrevista, no 4º Fórum de Óleoe Gás, promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos deFinanças (IBEF/RJ), Gabrielli analisou que essa nova crisepode levar a um problema de ajuste de “portfólio” dosinvestidores, com possíveis repercussões sobre oconsumidor e a economia real.O presidente da Petrobrás esclareceu que,no entanto, a crise americana não afetará os preçosda gasolina no Brasil. “Não é por um cenáriode instabilidade que a gente vai alterar o preço no Brasil. Sealterar o preço da gasolina no Brasil, é por outrasrazões”, afirmou.
Ele lembrou que há uma crisefinanceira derivada do sub-prime (mercado hipotecário de altorisco) e da taxa de juros muito baixa nos Estados Unidos, o queprovocaria uma busca por retorno dos capitais líquidosfinanceiros. “Então, você tem hoje, claramente, umaumento muito grande de contratos não comerciais no mercadofuturo (de petróleo). Você tem um volume de contratosque não se realiza fisicamente. Só se realiza na trocapor outros contratos e é puramente um movimento financeiro”,disse.
Baseado numa análise da curva do mercado futuro de preço do petróleo, Gabrielli previu que pode haver mesmo uma quedanos preços ou, pelo menos, uma oscilação constante. Ele ressaltou que, hoje, o crescimento da oferta e da capacidadeprodutiva é compatível com o aumento da demandaprevista. E, como oferta e demanda estariam crescendo à taxaem torno de 2%, isso anularia a expectativa tantode aumento quanto de queda substantiva de preços. “E aívocê teria uma situação relativamente equilibradaentre oferta e demanda de petróleo”, concluiu.