Anistiadas lembram os horrores vividos nos porões da ditadura

07/03/2008 - 22h11

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A cerimôniaespecial da Comissão de Anistia do Ministério daJustiça em comemoração ao Dia Internacional daMulher foi marcada por depoimentos emocionados de mulheres queenfrentaram a ditadura militar na luta pela redemocratização.Na sessãoextraordinária de julgamento foram anistiadas Ana WilmaMoraes, Halue Yamaguti, Beatriz Arruda, Clara Charf, Estrella DalvaBohadana, Maria do Socorro de Magalhães e Nancy MangabeiraUnger.“Esse ato tem umaimportância enorme. Além de ser uma reparaçãodo Estado aos danos causados, é um resgate histórico dopapel das mulheres nessa luta”, lembrou o presidente da Comissãode Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão.Dentre as seteanistiadas, apenas Beatriz Arruda não foi presa e torturadadurante a ditadura. A leitura dosprocessos, alguns deles com detalhes das perseguiçõessofridas e dos horrores vividos nas prisões, emocionou aplatéia e as próprias militantes. Estrella DalvaBohadana, estudante e militante do Partido Operário Comunista,foi presa diversas vezes entre 1970 e 1973. Após uma sessãode tortura, ela perdeu temporariamente o movimento das pernas, sofreuum aborto e precisou ficar oito meses internada em um hospital.“Lamentavelmente, nãoexiste ex-torturado”, afirmou. Outras mulheres queparticipam de organizações sociais contra a repressãoparticiparam da solenidade. Iara Xavier, do Movimento de Familiaresde Desaparecidos Políticos, Therezinha Zerbini, fundadora demovimentos pela anistia, e Adelina Alaye, uma das mães daPraça de Maio da Argentina, também deram seusdepoimentos. A ministra daSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres, NilcéiaFreire foi quem iniciou as atividades do dia.