Mulheres cobram instalação de Juizado de Violência Doméstica em município do Rio

07/03/2008 - 8h58

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As mulheres do município de São Gonçalo, a cerca de 40 quilômetros da capital fluminense, estão entre as maiores vítimas de violência doméstica no estado do Rio de Janeiro. Elas promovem hoje (7) uma manifestação para cobrar a implantação de um Juizado de Violência Doméstica e Familiar na cidade, que ficaria encarregado de julgar os casos. Segundo as estatísticas mais recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP), referentes ao primeiro semestre de 2007, São Gonçalo está em terceiro lugar no ranking de vítimas de lesão corporal dolosa, tipificadas como violência doméstica – cometidas por familiares ou companheiros. Das 40 regiões estudadas pelo ISP, o município aparece ainda na quarta posição no que se refere à incidência de estupro e, na segunda, quando se trata de ameaças. Este crime, como alerta o texto, antecede as agressões, “principalmente, quando é cometido pelos companheiros”.A pesquisa do ISP mostra que em todo o estado do Rio, 13,2 mil mulheres foram vítimas de agressões domésticas no primeiro semestre do ano passado. Isso significa que a cada dia 36 mulheres, em média, foram alvo de lesões praticadas por companheiros, ex-companheiros, pais, padrastos ou outros parentes.No ranking dos municípios, lideram as estatísticas de violência doméstica Mesquita, Nilópolis e Nova Iguaçu - integrantes de uma única área das 40 estudadas. Em decorrência do volume de notificações, o Tribunal de Justiça prevê abrir, no próximo mês, um juizado especial em Nova Iguaçu, baixada fluminense.Também de acordo com a pesquisa do ISP, de toda a população fluminense, as mulheres são as maiores vítimas de crimes como atentado violento ao pudor (69,1%), ameaça (62%) e lesão corporal dolosa (61%), dados que podem ainda não revelar a realidade. “Acredito que possa haver uma subnotificação. Muitas mulheres, quando vão registrar a ocorrência, por receio ou falta de orientação não o fazem”, explica a juíza Adriana Ramos de Mello, titular do juizado do centro. “É uma cifra oculta que não podemos mensurar”, completa.