Em Rondônia, governo federal e estado conduzem ações paralelas contra desmatamento

07/03/2008 - 19h32

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nas cidadesrondonienses de Machadinho D'Oeste e Cujubim, a aproximadamente 400quilômetros da capital Porto Velho, os governos federal eestadual conduzem operações paralelas de fiscalizaçãoem madeireiras e serrarias locais. A informação foiconfirmada hoje (7) à Agência Brasil pelasuperintendente substituta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente edos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Rondônia,Nanci Silva, uma das coordenadoras da Operação Arco deFogo. “Quando eles [equipe do governo de Rondônia]ficaram sabendo que chegaríamos às cidades, tambémmandaram gente para lá”, afirmou Silva. “Tentamos fazergestão compartilhada com o governo do estado, mas nesta regiãohouve um rompimento com a decisão dele de nãoparticipar das operações”, acrescentou. A operação estadual éapresentada com destaque noportal oficial do governo de Rondônia. Matériainforma que equipes da Secretaria de Estado do DesenvolvimentoAmbiental (Sedam), do Batalhão Ambiental (BPA) e da DelegaciaEspecializada Contra Crimes ao Meio Ambiente (Deccma) apreenderam 8mil metros cúbicos de madeiras e aplicaram R$ 6,5 milhõesem multas em Machadinho D'Oeste e Cujubim.Contactada pela Agência Brasil, aassessoria de imprensa do governo de Rondônia disse que afiscalização estadual nos municípios teve iníciohá 15 dias e que o governo defende o cumprimento da Lei, nãosendo contrário a nenhum tipo de combate ao desmatamentoilegal. Mas não concorda, segundo a assessoria, com quemadeireiros e agricultores sejam tratados como criminosos. Ogovernador Ivo Cassol se encontrava em Corumbiara, no extremo sul doestado, município sem sinal de telefone celular. Dificuldade de diálogo entre o governofederal e o de Rondônia em relação a temasambientais já tinha sido evidenciadaem janeiro, quando a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,definiu Cassol como “o governador com quem nós temos maisdificuldades de trabalhar nas ações de combate aodesmatamento e combate ao uso ilegal das áreas protegidas;tanto as áreas federais quanto as áreas estaduais”. A Operação Arco de Fogo, conduzidapelos fiscais federais, inciou sua atuação em Rondôniano última segunda-feira (3) e, conforme informou asuperintendência do Ibama, os técnicos estãofinalizando a medição de material encontrado nos pátiosdas duas maiores madeireiras de Machadinho D'Oeste.Participam da operação 16 fiscais doIbama, 28 agentes da Força Nacional de Segurança e 20da Polícia Federal. Segundo a superintendente Nanci Silva, osmunicípios fiscalizados têm base econômicaconsolidada no setor madeireiro, com alto índice deilegalidade: “Os planos de manejo em Machadinho são poucos enão cobrem todas as 30 madeireiras existentes lá.Muitas delas trabalham com 50% de madeira legal e 50% ilegal. Variaum pouco para mais ou para menos, mas é uma média.” Machadinho D'Oeste está na 32ªcolocação na lista dos 36 municípios que maisdesmataram na Amazônia de agosto a dezembro de 2007, conformedivulgado em janeiro pelo Ministério do Meio Ambiente. Aprevisão do Ibama é que em maio a operaçãoseja estendida ao município de Nova Mamoré eposteriormente a Pimenta Bueno, que também integram a listaocupando, respectivamente, a 25ª e a 6ª posições.A primeira cidade a receber a operaçãoArco de Fogo foi Tailândia, no Pará, onde em dez dias asmultas aplicadas já ultrapassaram R$ 3 milhões, segundoo Ibama, com seis madeireiras autuadas, fornos de carvoariasdestruídos, máquinas lacradas e apreendidas.