Crise entre Equador e Colômbia domina discussões na reunião do Grupo do Rio

07/03/2008 - 17h37

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A crise diplomática entre Equador e Colômbia domina a reunião do Grupo do Rio, que, desde ontem (6), reúne países sul-americanos e caribenhos em Santo Domingo, na República Dominicana. Na abertura da cúpula de chefes de estado e de governo, hoje de manhã, o presidente dominicano, Leonel Fernández, pediu que parte dos debates fosse dedicada à busca de “pontes de diálogo e conciliação” entre Equador e Colômbia.“Devemos encontrar, em meio ao calor da crise, suficiente serenidade e sinceridade para conversar sobre ela e resolvê-la de maneira que não se quebre nossa unidade”,afirmou Fernández, lembrando a bem sucedida mediação do Grupo de Contadora – antecedente histórico do Grupo do Rio - no processo de paz da América Central. Segundo ele, os 13 países sul-americanos e caribenhos que integram o Grupo do Rio têm obrigação de fazer todo esforço que for necessário para manter a paz e a solidariedade do continente.Ontem, ao chegar, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, enviou uma saudação “cheia de afeto ao povo irmão do Equador”. “Nosso problema é exclusivamente com o grupo terrorista das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]”, disse Uribe, segundo informações divulgadas na página da Presidência da Colômbia na internet. Uribe teria explicado, em encontros bilaterais com diversos mandatários e chanceleres, entre os quais o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, as circunstâncias do ataque militar de sábado (1º) a um grupo de membros das Farc em território do Equador.No discurso de hoje, no entanto, Uribe reiterou a autenticidade dos computadores encontrados no acampamento das Farc atacado pelo Exército da Colômbia - os quais, segundo o governo colombiano, comprovam o vínculo do Equador com a guerrilha. O presidente equatoriano, Rafael Correa, alega que trata-se de uma farsa, diz que tais computadores jamais sairiam intactos de um bombardeio como o que ocorreu no dia 1º de março e condiciona uma solução ao reconhecimento, por Uribe, de que foi tudo uma armação.Em discurso na cúpula de hoje, dirigindo-se diretamente a Uribe, Rafael Correa pediu que o presidente colombiano reconheça seu erro e peça perdão ao Equador, sem justificativas para o ataque em território equatoriano, e prometa que esse tipo de ação não se repetirá. “Sua insolência indigna mais o povo equatoriano que suas bombas assassinas”, afirmou Correa. Na seqüência, Correa acusou Uribe de ser a "única fonte de conflitos regionais, por não conseguir controlar seu território, nem suas fronteiras da guerrilha, os paramilitares, o narcotráfico e o cultivo de drogas. O Equador não tem nada disso. Somos vítimas de um conflito que não é nosso”, afirmou Correa. Aos demais mandatários, disse que são responsáveis por uma solução pacífica para a região. “Em suas mãos, em sua consciência, está remediar esta violação dos direito por meios pacíficos”, afirmou o presidente equatoriano.A reunião do Grupo do Rio termina hoje na capital dominicana. No próximo domingo (9), deve ter início missão da Organização dos Estados Americanos ao Equador e à Colômbia para investigar as circunstâncias do ataque colombiano.