Tatiane Saraiva
Da Agência Brasil
Brasília - Os investimentos de R$ 1,14 bilhão na urbanização e no saneamento nas favelas da Rocinha, de Manguinhos e no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, precisam ser discutidos não apenas pelos moradores dessas áreas, mas por toda a população da cidade. A avaliação é do coordenador do Programa Democratização da Cidade do Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase), Itamar Silva. Em entrevista hoje (7) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, Itamar afirmou que as melhorias precisam ser construídas coletivamente. “Acho que os moradores [das favelas] devem expressar suas opiniões, mas outras pessoas que não estão na favela devem ser envolvidas”, ressaltou.Para Itamar, as ações urbanas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não devem restringir-se a melhorias de infra-estrutura. Segundo ele, é necessário que as intervenções nas favelas incorporem os trabalhadores dessas áreas na discussão em torno da cidadania. “O resultado não deveria ser só mais uma obra feita, mas que a dignidade dos moradores seja elevada”, destacou.O coordenador do Ibase alega que as favelas do Rio de Janeiro podem superar o estigma de redutos de miséria e violência para se tornarem um diferencial na cidade. Isso só será feito, além das melhorias na infra-estrutura, com o reforço da presença do Poder Público e com a abertura do diálogo “direto” entre os moradores dessas favelas com a população carioca.“Eu defendo que o Estado não entre nas favelas apenas com a polícia, mas forneça serviços e organize o espaço público”, explicou.Caso essas atitudes sejam tomadas, Itamar acredita que o futuro pode ser positivo para as favelas do Rio. “Daqui a alguns anos, a gente pode falar de favela não com carga negativa, mas como uma marca do Rio de Janeiro, com pobreza, mas sem pessoas em situação de perigo e de marginalidade”, concluiu.