Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A solução para a crise política entre Equador e Colômbia passa, necessariamente, por um novo pedido de desculpas por parte do governo colombiano com relação à ação militar realizada em território vizinho no último final de semana, na avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. “Um pedido de desculpas não qualificado ajudaria, creio eu, a baixar a temperatura da crise”, disse, em entrevista coletiva hoje (3). Ele informou que as articulações feitas ontem (2) com chanceleres dos países envolvidos e também de outras nações sul-americanas "foram justamente nessa direção". O governo colombiano pediu perdão ao Equador, mas alegou que a ação militar foi justificada. Diante disso, o Equador recusou as desculpas e decidiu romper relações com a Colômbia. “Na conversa hoje do presidente Lula com o presidente Correa [Rafael Correa, do Equador], ficou claro o desejo de que não se repitam essas ações no futuro, de garantias internacionais de que isso não ocorrerá”, relatou Amorim. O presidente brasileiro, acrescentou, falou com o colombiano, Álvaro Uribe, que reconheceu a incursão de helicópteros e tropas de seu país em território equatoriano, mas reiterou as justificativas para a ação militar: combate ao terrorismo e presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano. “Ele mencionou que era possível pensar-se em garantias, mas também voltou a condicionar estas garantias a certos comportamentos”, contou Amorim. O governo colombiano acusa o Equador de apoiar as ações das Farc. Hoje, durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), o vice-presidente colombiano, Francisco Santos Calderón, denunciou que governos latino-americanos dão refúgio a grupos terroristas e pediu que a ONU exija que seus estados-membros neguem refúgio àqueles que financiam, planejam ou cometem atos terroristas. “Em nosso continente há governos que cumprem intencionalmente este mandato obrigatório”, afirmou, sem citar o Equador ou qualquer outro país.