Manifestantes protestam em frente ao STF contra uso de células-tronco embrionárias

04/03/2008 - 19h44

Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Um dia antes do julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (Adin) que pede a retirada do artigo da Lei de Biossegurança que permite o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas, manifestantes do Movimento Nacional em Defesa da Vida - Brasil sem Aborto realizaram uma manifestação em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que os ministros não autorizem esse tipo de pesquisa. A Adin que o STF vai julgar amanhã (5) foi proposta pela Procuradoria Geral da República.

O publicitário Leandro Dourado, de 27 anos, que representava na manifestação o Movimento em Defesa da Vida e Contra o Aborto, afirma que muitas células-tronco embrionárias que os cientistas querem utilizar em pesquisas são provenientes de abortos, de uma “indústria clandestina”. Ele não citou, entretanto, que indústria seria essa ou em que se baseia essa afirmação.

No caso das células-tronco embrionárias provenientes de procedimentos de fertilização, Leandro diz que poderiam ser usadas em pesquisas, caso houvesse no Brasil uma fiscalização plena que mostrasse de onde viriam essas células. “Temos indícios e depoimentos de pessoas que afirmam que muitas dessas células são provenientes de abortos”, afirma.

“Nossa intenção é mobilizar os ministros do Supremo, fazer um chamamento para que possam observar e saber que pesquisas últimas do Datafolha [instituto de pesquisas pertencente ao Grupo Folha] dizem que 90% da população brasileira é contra o aborto, e no nosso ponto de vista, as pesquisas com células-tronco embrionárias estão ligadas ao aborto.”

O jornalista Nelson Barreto, representante da campanha Nascer é um Direito, acredita que não há necessidade de usar células-tronco embrionárias, porque a ciência já conseguiu resultados promissores com células-tronco adultas. “Todas as experiências de cura e sucesso com as células-tronco são com as adultas. Os cientistas dizem que isso se dá porque elas são conseguidas do próprio paciente. Então não há o processo de rejeição que tem havido com as embrionárias.”

Para o jornalista, a ciência precisa também ter parâmetros éticos e respeitar a vida que está contida nos embriões. “Nós temos as células adultas que estão conseguindo o que se deseja. Por que, então, ferir o direito à vida?”, questiona.

O presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, Humberto Leal Vieira, que também participou da manifestação, acredita que algum ministro do STF peça vista do processo para examinar mais profundamente a questão. “Se já há sucesso com as células adultas, não vejo razão para liberar as embrionárias, porque, além de matar um ser humano, não traz nenhuma vantagem para a saúde, uma vez que as adultas já têm trazido vantagens em experiências comprovadas.”