Antonio Arrais
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) avaliou que o desempenho das exportações de carne bovina do Brasil não sofrerá abalos em 2008, apesar do "embargo branco" imposto pelos países da União Européia. Na prática, essa medida significa que esse mercado está praticamente fechado à carne brasileira.A declaração foi feita por Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da CNA. Segundo Nogueira, a procura da União Européia por novos mercados fornecedores de carne para substituir as importações de carne brasileira elevará os preços internacionais, o que compensará as perdas com a interrupção das exportações de carnes in natura para o mercado europeu – responsável por 16% das vendas externas do produto no ano passado.Para Antenor Nogueira, apesar da liberação de 106 fazendas que constam na lista encaminhada às autoridades européias pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na prática, "a medida não permite que o Brasil retome as exportações para o bloco europeu nos valores e nas quantidades registrados em 2007".O presidente do fórum da CNA criticou a postura do governo brasileiro no episódio. Segundo Antenor Nogueira, o Brasil, como maior produtor e exportador de carne no mundo, deveria, diante da decisão da União Européia, ter suspendido unilateralmente as exportações de carne para o bloco econômico por pelo menos seis meses, sem se submeter ao "embargo branco" imposto pelos europeus.Em relação ao desempenho das exportações de carne em 2007, Antenor Nogueira e o técnico da CNA Paulo Mustefaga informaram que, no ano passado, o Brasil exportou 195 mil toneladas de carne bovina in natura para a União Européia, totalizando US$ 1,087 bilhão em vendas. Segundo os dados de janeiro de 2008, foram exportadas para o bloco europeu 19,8 mil toneladas, a um valor de US$ 146,3 milhões.Os dois representantes da CNA acreditam que as estatísticas de exportações brasileiras em fevereiro indicarão a manutenção dos níveis das exportações, tanto em relação à quantidade quanto aos valores pagos aos exportadores brasileiros.Os aumentos nos custos de produção em 2007 foram os maiores dos cinco últimos anos, quando foi iniciado o levantamento Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP). Apesar disso, a receita do produtor também se fortaleceu no mesmo período, com um aumento de 36,74% na média dos dez estados produtores.De acordo com Antenor Nogueira e Paulo Mustefaga, no acumulado de março de 2003 a dezembro de 2007, a arroba do boi aumentou 23,1%, enquanto os custos da produção pecuária subiram 47,5% na média dos mesmos dez estados pesquisados. "Os resultados de 2007 ainda não foram suficientes para ressarcir os produtores das perdas dos quatro anos anteriores", avaliou Antenor Nogueira.