Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) qualificouhoje (3) de "ameaça ao continente" a decisão do presidente daVenezuela, Hugo Chávez, de enviartropas para a fronteira com a Colômbia. Ao comentar a crise entreColômbia, Equador e Venezuela, Sarney disse que o Brasil e os demaispaíses sul-americanos não podem "admitir esse tipo de sentimento naAmérica Latina". A tradição continental é resolver seus conflitos pormeio pacífico, disse ele.Sarney criticou aVenezuela que, segundo ele, estaria criando uma espécie de "corrida armamentista" na região. "SãoR$ 7,1 bilhões de gastos militares", afirmou. A crise teve início sábado (1º), quando membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram mortos pelo Exército colombiano em uma operação militar realizada em território equatoriano. A invasão da fronteira gerou atrito entre os dois países e protestos do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que criticou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e decidiu enviar tropas para a região. Chávez determinou ainda o fechamento da embaixada venezuelana em Bogotá. O presidente do Equador, Rafael Correa, também reforçou a segurançana fronteira, determinou a retirada de seu embaixador de Bogotá eexpulsou de Quito o representante colombiano.Segundo Sarney, cabe ao Brasil comandar uma ação diplomática paraevitar a generalização do conflito. Para ele, esse é um problema quedeve ser resolvido pelos sul-americanos e, por isso, não cabe aconvocação da Organização dos Estados Americanos (OEA) para mediar oconflito entre os três países.O senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) disse temer a entrada dosEstados Unidos em um possível conflito. De acordo com ele, a Colômbia invadiuo Equador, quando seu Exército foi lá e matou pessoas. "Isso provocouuma reação militar do Equador, que colocou tropas na fronteira. Dooutro lado da Colômbia, a Venezuela é um país forte, armado, comconflitos latentes com os colombianos. A Colômbia, a meu ver, é um paísque está isolado e com ameaças militares dos dois lados, mas meu maiormedo é que os Estados Unidos entrem nisso. Essa é uma disputa entre latino-americanos." O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), pediu prudênciaaos países envolvidos: "Será que não é mais conveniente participar de um entendimento sob o comando daOrganização dos Estados Americanos (OEA) para pacificar um continenteque nunca foi à guerra neste século?"