Empresa de helicóptero que caiu no Rio terá que cumprir exigências do Ministério do Trabalho

03/03/2008 - 19h39

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A BHS Helicópteros tem até a próxima sexta-feira (7) para cumprir as exigências estabelecidas pela Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro durante inspeção que resultou na interdição do hangar empresa. A BHS é proprietária do helicóptero que transportava funcionários da Petrobras e caiu no mar na tarde do último dia 26. Dos 20 passageiros, 15 foram resgatados com vida e quatro morreram. O piloto da aeronave ainda está desaparecido.O superintendente da DRT-RJ, Carlos Correia, disse hoje (3) à Agência Brasil que a interdição resultou de laudo técnico-administrativo elaborado pelos auditores fiscais do Trabalho na última quinta-feira (27) - um dia depois do acidente.De acordo com Correia, houve resistência por parte da companhia que não queria a presença dos fiscais e a vistoria nas instalações. “Houve um desrespeito à fiscalização do Trabalho”, afirmou Correia.Foram inspecionados equipamentos, condições sanitárias e sistemas de proteção aos trabalhadores. “E foi expedido um laudo de interdição em alguns setores da empresa por apresentar situação de grave e iminente risco, como ausência de organização completa da documentação referente ao prontuário de instalações elétricas, garantindo assim a perfeita  funcionalidade e segurança das instalações.”O superintendente disse ter recebido ainda uma denúncia do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) sobre o quadro de insegurança dos vôos que transportam os trabalhadores para as plataformas da Bacia de Campos.

Correia disse que a inspeção continua. Como se trata de uma empresa reincidente, a BHS está sujeita à aplicação de multa, cujo valor será arbitrado pelo setor de segurança, quando a fiscalização for concluída. O relatório conclusivo será encaminhado à Petrobras, para que tome as medidas pertinentes ao caso. O documento será enviado também ao Ministério Público do Trabalho.“A questão é muito grave porque há precedentes na empresa. Ela já foi alvo da nossa ação. Por exemplo, em maio de 2007  recebeu três autos de infração por irregularidade na jornada de trabalho e descanso”. A BHS poderá recorrer da multa, afirmou Carlos Correia.Em 2005, a BHS também foi autuada por irregularidades no registro de quatro trabalhadores e no recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em 2004, um helicóptero da companhia se envolveu em um acidente na Bacia de Campos no qual morreram seis pessoas, devido a pane nas turbinas e falha no acionamento das bóias flutuantes.A BHS terá de apresentar à DRT-RJ documentos relativos aos procedimentos de controle e manutenção da aeronave acidentada e documentação referente às demais aeronaves de sua propriedade.Correia informou que até o momento não recebeu nenhum pedido da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre redução no número de funcionários terceirizados da Petrobras e melhores condições de trabalho. Ele assegurou, entretanto, que “toda e qualquer denúncia  nós procedemos, para apurar a veracidade e mandamos para o setor próprio”.