Lana Cristina
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O governocolombiano pediu desculpas ao Equador pela açãorealizada no último sábado (1º), em que forçasmilitares colombianas entraram no território equatoriano emataram um dos líderes das Forças ArmadasRevolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, e outros16 guerrilheiros. A informação foi divulgada pela Agência Bolivarianade Notícias.O pedido de desculpasfoi lido ontem (2) pelo chanceler colombiano Fernando Araújo,que qualificou a iniciativa como “ação em que se viuobrigado a se adiantar na zona de fronteira”. Araújo definiu aoperação como “a entrada de helicópteroscolombianos com o pessoal das forças armadas no territórioequatoriano para revistar o lugar onde morreu o membro dosecretariado das Farc, Raúl Reyes”.Ele disse ainda que ogoverno colombiano nunca teve a intenção de violar asoberania ou a integridade da "irmã Repúblicado Equador, de seu povo ou de suas autoridades”. O chancelerreiterou o desejo de seu país de avançar em mecanismosde cooperação que poderiam ser implementados cominstrumentos bilaterais ou multilaterais, em consonância porambos países, naquilo que classificou como enfrentamento doterrorismo.Araújo afirmouainda que o governo colombiano vai indenizar os cidadãosequatorianos que tenham sido afetados pela ação militarde seu governo. A invasão foi uma operaçãoconjunta do exército, polícia e aviaçãocolombianos.A ação dogoverno colombiano provocou reação dopresidente da Venezuela, Hugo Chávez, que trabalha háalguns meses pelo diálogo entre o governo colombiano e asFarc, com a ajuda da senadora colombiana Piedad Córdoba.Chávez determinou que a embaixada venezuelana na Colômbiafosse fechada e enviou tropas à fronteira entre a Colômbiae o Equador.Também ontem, o presidente equatoriano, Rafael Correa, anunciou a expulsãodo embaixador da Colômbia, Carlos Holguín, emconseqüência da invasão. “O Equador foi agredido porparte de um governo estrangeiro, situação extremamentegrave e intolerável”, disse Correa, em cadeia de rádioe televisão. Segundo o presidente do Equador, o ataque foiplanejado. Primeiro, de acordo com ele, houve invasão da áreae, posteriormente, veio a incursão das tropas colombianas queencontraram os guerrilheiros dormindo. Rafael Correadestacou que, embora condene a ação da Colômbia,reconhece a gravidade do conflito interno naquele país. Além disso, afirmou que condena as ações e os métodos das Farc.Correa demonstrou o desejo de se chegar a uma soluçãopara o conflito armado em curso no país vizinho, para que sealcance a paz. Mas ressaltou que não aceitará doutrinasou práticas que violem a soberania dos Estados, a pretexto dese combater o conflito armado.“Não hájustificativa para uma intervenção externa em nossoterritório, independentemente do motivo que houver. Nãocreio que o governo da Colômbia aceitasse uma açãosimilar de nossa parte”, disse o presidente do Equador. Elecompletou: “essa é a mais grave agressão que ogoverno do presidente Uribe [Álvaro Uribe, presidente da Colômbia] ocasionou ao Equador. Nãopermitiremos que isso fique impune”.