Aumento do salário mínimo não é problema para a economia, afirma diretor do Dieese

03/03/2008 - 13h06

Felipe Linhares
Da Agência Brasil
Brasília - O aumento do saláriomínimo só traz benefícios para o país, na opinião do diretor técnico doDepartamento Intersindical e Estatística e EstudosSocioeconômicos (Dieese), Clemente Gans Lúcio.Para ele, não tem fundamento a avaliação da Fundação GetúlioVargas (FGV) de que o aumento dosalário mínimo não é eficaz nadistribuição de renda e pode causar,em áreas pobres, mais desemprego e informalidade do queo próprio ganho conquistado.“Hápelo menos quinze ou vinte anos escutamos falar permanentemente que,com salário o mínimo crescendo. nós teríamosdesemprego, aumento da informalidade, as prefeituras quebrariam. Osalário mínimo vem crescendo nos últimos quatro anose nada disso aconteceu”.O diretor lembrouque nos últimos anos as prefeituras têm contratado mais, aformalização cresce de forma nunca vista nopaís e o consumo dos mais pobres ativa a economia de formadiferenciada. “Os dados empíricos demonstram justamente ocontrário do que a Fundação [GetúlioVargas] está falando. O [salário] mínimo, junto com as demaistransferências de renda aos mais pobres, contribui para que aeconomia seja revigorada pela população que sempre foiexcluída”, afirmou.Dados do Dieesemostram que, apesar do aumento, o valor do saláriomínimo ainda está longe do necessário,que é o equivalente a R$ 1.929,59. Para o diretor, caso a proposta de desoneração tributária (diminuição de impostos) dacesta básica alimentar seja aprovada na reforma tributária o salário mínimo ganhará mais poder de compra.“Se essa propostarepresentar uma diminuição dos preços que compõemo orçamento familiar, no caso a alimentação,teríamos um aumento real do salário. Com um preçomenor o salário pode atender a essa cesta básica. Eesse preço que calculamos seria menor”.