Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os avançosobtidos no atendimento à saúde no continente americano,como a redução da mortalidade infantil e a erradicaçãode doenças como a varíola e a poliomielite, nãosuperam os desafios que os governantes terão que enfrentar nospróximos anos. A avaliação é do diretoremérito da Organização Pan-Americana da Saúde(Opas), Carlyle Guerra de Macedo. “Não temos deser complacentes com o que foi feito e dizer que somos os tais porquejá fizemos. Temos que ser críticos e dizer que podíamoster feito mais, devíamos ter feito mais e temos de fazer muitomais”, afirmou, durante a 1ª Plenária de 2008 daentidade, realizada hoje (22) em Brasília. Segundo Carlyle Guerra,a população das Américas hoje é de 800 milhões de pessoas e daqui a 40 anos será de 1,2 bilhão. E do total atual, 200 milhões não têm acesso regular a uma atenção de saúde dequalidade. “Então, sesomarmos esses 200 [milhões] com os 400 milhõesque virão, teremos que cobrir mais 600milhões de pessoas, quase todas na América Latina. Temosde fazer em 40 anos muito mais do que fizemos em toda a nossaexistência”, alertou o diretor, ao lembrar que as doenças atuais são mais complexas e que a população estáenvelhecendo – portanto, os custos são mais altos. A pior situaçãona área de saúde nas Américas está noHaiti, onde a expectativa de vida é de 52 anos, informou Carlyle Guerra – no Canadá, é de mais de 83 anos. Ele lembrou, no entanto, que há grandes bolsões de pobreza nocontinente, como o norte e o nordeste do Brasil: “As enfermidades transmissíveis que ainda existem, comomalária, tuberculose, dengue e agora a febre amarela, tudoisso a gente ainda tem que enfrentar.” Para o diretor, oatendimento de saúde do Brasil ainda é inferior ao dos países com desenvolvimento semelhante, como o Chile, onde o índice de mortalidade infantil é de nove a cada mil nascidos vivos – noBrasil é de 25. “O SUS [SistemaÚnico de Saúde], com todos os problemas que tem,foi um avanço imenso na saúde do Brasil. Mas aindaestamos muito abaixo do que podíamos fazer”, disse. O governo, acrescentou, deve ser o principal instrumento de ação nessa área: "Saúde é um problema social, éum problema de população, não é sóum problema de indivíduo. Então, é uma obrigaçãodo governo enfrentar isso.”