Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aocontrário do que defende o Painel Intergovernamental deMudança Climática (IPCC, na sigla em inglês), atemperatura da terra não vai aumentar nos próximos anos. Ateoria é defendida por pesquisadores “céticos” doaquecimento global, que rejeitam a tese da contribuiçãodo homem para o fenômeno e apontam a influência de fatoresexternos ao planeta – entre eles os raios cósmicos galácticos– como justificativas para variações do climaterrestre.
Com baseem dados do programa Cosmics Leaving Outdoor Droplets (Cloud),que reúne cientistas de dez países, um grupo depesquisadores entregou uma carta ao ministro da Ciência e daTecnologia, Sérgio Rezende, na última semana.Elesquestionam a ação antrópica (do homem) no aquecimento epedem a participação do ministério em seminários quepretendem realizar neste ano. Nos encontros, o grupo pretende discutir a teoria dos raioscósmicos e “trazer o debate para o público”,segundo o pesquisador Luis Carlos Molion, professor da Universidade Federal de Alagoas(Ufal), PhD em meteorologia e um dos signatáriosdo documento.
“Osraios cósmicos galácticos interagem com a troposfera einduzem a formação de núcleos de condensaçãoessenciais à formação de nuvens que aumentam arefletividade da Terra e a esfriam”, afirma a carta entregue aoministro.De acordo com o professor Molion, nos próximos 50anos “o número de raios deve aumentar, elevando a produçãode nuvens baixas, e com isso haverá um resfriamento da Terra,ao invés de um aquecimento”, afirmou. A hipótese,segundo o professor, já foi testada em laboratório emum experimento anterior ao Cloud.
De acordocom o documento, “o IPCC não faz precisões, fazprojeções baseadas em cenários hipotéticose utilizando modelos simplificados do clima global cujos resultadoscarecem de validação”. Molion defende a ampliaçãodo debate sobre o tema no Brasil, que segundo ele, é enviesadopor uma visão única do tema, a do IPCC.
“Ainformação que chega ao público é muitodistorcida, como se o homem fosse o grande vilão, o responsávelpelo aquecimento global. O que nós queremos, e isso foi ditoao ministro, é que se faça um debate desprovido dequalquer emoção, de qualquer tendência dogmática,para que se esclareça o que há de verdade nesseaquecimento global e quais são os pontos favoráveis ediscordantes de cada teoria”, apontou.
Naavaliação de Molion, no debate brasileiro háuma confusão entre mudanças climáticas econservação ambiental. “Não se deve confundirconservação – por exemplo, a necessidade de frear odesmatamento na Amazônia – com aquecimento global. Nãoimporta se o clima do globo aquece ou resfria, a conservaçãoambiental é uma necessidade para que as próximasgerações possam desfrutar das mesmas riquezas naturaisque nós temos hoje”.