Trabalhador terceirizado pode não conseguir se aposentar, alerta Pochmann

12/02/2008 - 19h36

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - As condições de trabalho da maioria dos terceirizados brasileiros podem comprometer o direito de aposentadoria desse tipode trabalhador. Segundo avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, grandeparte dos terceirizados não terá condições de cumprir as exigências necessáriaspara conseguir o benefício.Pochmann afirmou em palestra ministrada hoje (12), em SãoPaulo, que as atuais leis que regem o regime previdenciário brasileirodeterminam que um trabalhador do sexo masculino tenha contribuído por, nomínimo, 35 anos para poder se aposentar.Devido à alta rotatividade, os trabalhadores terceirizados permanecem empregados, em média, de cinco a seis meses por ano,segundo os estudos do economista. Por isso, terão de trabalhar mais de 70 anospara conseguir se aposentar. “Isso significa que um homem que começou atrabalhar com 15 anos poderá se aposentar com 85 anos, além da últimaexpectativa de vida divulgada”, afirmou.Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE), divulgada em dezembro do ano passado, aponta que os brasileirosnascidos em 2006 viverão, em média, 72,3 anos.De acordo com uma análise realizada com trabalhadorespaulistas em 2005, 83,5% dos terceirizados trocam de emprego a cada 12 meses.Entre os não-terceirizados, o índice de rotatividade é de 49,1%.Os terceirizados ganham em média 2,3 salários mínimos pormês. Já os trabalhadores não-terceirizados ganham 4,9 salários mínimos.A Agência Brasil procurou o Ministério da Previdência Socialna tarde de hoje (12). A assessoria de imprensa do órgão informou que o ministériodesconhece o estudo de Pochmann e preferiu não se pronunciar sobre suasdeclarações.Durante evento em São Paulo, o pesquisador e economista Marcio Pochmann defendeu a elaboração de uma política nacional sobre aterceirização do trabalho.