Extração de madeira desmata menos a Amazônia que agropecuária, apontam ONGs

12/02/2008 - 18h47

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Enquanto autoridades dosetor agrícola responsabilizam a extração ilegalde madeira pela maior parte dos desmatamentos recentes na Amazônia,representantes de organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na região repudiam a tese, apesar deadmitirem os efeitos danosos da atividade madeireira.“Não vamos serinocentes em falar que o setor madeireiro não tem culpa, mas odesmatamento é fruto, sobretudo, do setor agrícola epecuário. Não há dúvida nisso”, afirmouhoje (12) o coordenador do programa de apoio ao desenvolvimentosustentável da WWF, Mauro Armelin. Segundo ele, a extraçãoilegal de madeira é responsável pela degradaçãode algumas áreas, ao retirar da floresta toras de alto valoreconômico, como o mogno, em um processo chamado de garimpagemflorestal. “A floresta perde interesse para manejo e, em seguida, vêm a pecuária, a devastação total, aretirada da floresta e o corte raso”, explicou.O diretor do programaAmazônia da ONG Conservação Internacional do Brasil,Adrian Garda, também descreve um ciclo de desmatamento no nortede Mato Grosso e no sul do Pará, que começaria pela exploração de madeira, ilegal ou não, e seguiria com a pecuária e o plantio de soja. Garda ressaltou, entretanto, que nas regiões onde mais aumentou o desmatamento em 2007 já existem fronteiras consolidadas de exploração madeireira. E a pecuária, ao contrário, estaria em ritmo de expansão no Pará , assim como o cultivo de soja, em Mato Grosso, ambos impulsionados por preços internacionais favoráveis. “Não houve mudança nomercado mundial de madeira, mas houve no mercado de commodities para soja e pecuária, o que leva a crer que a principal causa [dodesmatamento recente] é essa”, argumentou.