Brasil é "a fazenda do mundo", aponta estudo sobre terceirização no mercado de trabalho

12/02/2008 - 15h04

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Postos de trabalho de menor valor agregado têm se deslocado dos países mais desenvolvidos para os demais, enquanto aqueles de maior sofisticação se concentram nasnações de alta renda por habitante. A conclusão é do estudo A Transnacionalização da Terceirização na Contratação do Trabalho,que aponta que a terceirização transnacional reduz direitos dos trabalhadores.O estudo compara aChina a uma “oficina do mundo”, pela liderança na produção demanufaturas, a Índia a um “escritório do planeta”, por concentrar oemprego global nos serviços de distribuição, e qualifica oBrasil como "a fazenda do mundo”. “Em grande medida, os postosde trabalho em avanço [no Brasil] encontram-se relacionados emmaior ou menor medida com as atividades de bens primários esemi-elaborados de pouco valor agregado”, conclui a pesquisa.Segundoo estudo, de 1978 a 2006, o Brasil avançou 34,9% na ocupação naprodução de serviços em relação ao total de empregos do país. O setor éapontado no estudo como “a principal fonte de expansão dos empregos nomundo” nos próximos anos.O Brasil tem de se preparar para disputar as 6,7 milhões de novas ocupações anuais que serão criadas pela subcontratação de mão-de-obra por empresas com sede em outros países nos próximos dez anos. E pode obter resultados positivos com a terceirização internacional dos contratos de trabalho, segundo a pesquisa.“Cada país deve participar da absorção do conjunto de ocupações mobilizadas pela terceirização transnacionalizada, dependendo das ações governamentais adotadas para atrair ou evitar o deslocamento do emprego no interior das cadeias mundiais de produção. O Brasil, em especial, tem muito a avançar”.O estudo conclui que o Brasil deve agir para atrair os postos de trabalho terceirizados, mas não esclarece como. Dados da pesquisa apontam que, em 2006, o país respondeu por 1,9% da terceirização mundial (7,1 milhões de ocupados), sendo de 13,8% de responsabilidade direta das companhias transnacionais (982 mil trabalhadores). No país, a terceirização – para empresas nacionais ou estrangeiras – é responsável pela geração de uma entre quatro novas vagas formais abertas no mercado.O estudo foi divulgado hoje (12) pelo economista e pesquisador da Universidade deCampinas (Unicamp), Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea).