Elaine Borges
Da Rádio Nacional
Brasília - O aumento de 80% no número de crianças e adolescentes vítimas de maus tratos e violência denunciados pelo Disque 100, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, não significa uma escalada no número de casos, mas a conscientização da sociedade em torno do problema. A avaliação é da coordenadora do Grupo de Pesquisas sobre a Violência, Tráfico de Pessoas e Exploração Sexual da Universidade de Brasília (UnB), Maria Lúcia Leal. Segundo a especialista, o maior volume de denúncias é sinal de que a população está perdendo o receio de denunciar os abusos contra os menores de idade. Entre os crimes, estão a exploração sexual, a negligência, a pornografia e o tráfico internacional de pessoas.“O aumento nas denúncias significa uma atitude positiva da comunidade”, avalia a professora. “Quando diminuem essas denúncias, significa que a sociedade está se descuidando de observar, controlar e monitorar as violações dos direitos dos adolescentes em seu município.”A coordenadora do Programa Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Socorro Tabosa, também acredita que as pessoas passaram a perceber a importância do respeito aos direitos humanos. Para ela, o reforço na divulgação do Disque 100 ajudou a mudar a percepção sobre o tema.“Hoje estamos com uma divulgação maior do número e um trabalho de conscientização da população para que ela entenda que todas as crianças e adolescentes não são de responsabilidade apenas da família ou do Estado, mas de toda a sociedade”, explica. “Todo o caso de violência contra a criança é uma violação dos seus direitos e deve se denunciar até a simples suspeita.”O serviço recebe denúncias das 8h às 10h todos os dias. A ligação para o número 100 é gratuita e pode ser feita pelo telefone celular, fixo ou público.