Governo busca evitar que PAC eleve desmatamento, diz presidente do Ibama

25/01/2008 - 5h39

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente interino do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), BazileuMargarido, disse que o governo trabalha para evitar que as obras do Programa da Aceleraçãodo Crescimento (PAC) intensifiquem o desmatamento na Amazônia. “Estamos trabalhando eempenhando um esforço muito grande para que isso nãoaconteça”, comentou, questionado sobre se o PAC pressiona por mais desmate na região.

Diante de pergunta sobre a relação entre grandesempreendimentos e o aumento da destruiçãoda floresta amazônica, ele respondeu que o Brasil precisa chegar a umresultado que concilie desenvolvimento econômico e social epreservação dos recursos naturais.

“Em todos os países do mundo, o modelo dedesenvolvimento sempre representou degradação derecursos naturais, isso ocorreu nos Estados Unidos, na Europa, naÁsia. O modelo de desenvolvimento capitalista éintensivo em uso de recursos naturais. No Brasil, precisamos provarque somos capazes de promover o desenvolvimento econômico esocial com proteção dos recursos naturais”, avaliouem entrevista à Agência Brasil na noite de ontem(24). “Não é algo fácil de ser feito”,acrescentou.

O presidente do Ibama citou o processo de licenciamento ambiental daBR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA) como exemplo de que é possível equacionar crescimento esustentabilidade. Segundo ele, quando o governo anunciou oasfaltamento da estrada, em 2002, o resultado foi um aumento de 500%do desmatamento da região.

“Paramos o processo, o governofez um grupo de trabalho para propor um plano dedesenvolvimento sustentável. Foram criados 8,5 milhõesde hectares em unidades de conservação, terrasindígenas, houve regularização fundiária”,citou. De acordo com Margarido, após as medidas, odesmatamento na região da rodovia caiu 91%.

Ao comentar os números de aumento do desmatamento,apresentados na última quarta-feira (22) pelo Ministériodo Meio Ambiente, e a possibilidade de que a valorizaçãodas commodities seja uma das causas do avanço dodesmate, Margarido afirmou que o governo ainda precisa aprofundar aanálise dos dados para fazer um diagnóstico definitivo.

“Temos, por enquanto, uma coincidência doaumento do preço das commodities, principalmente do boi, eessa intensificação do desmatamento. Mas, por enquanto,ela é apenas uma coincidência que precisa ser melhoravaliada.”

No entanto, o presidente do Ibama reconheceu que em algumas áreasda Amazônia a expansão da agropecuária estádiretamente ligada ao avanço do desmatamento. “Em SãoFélix do Xingu [PA], por exemplo, é possívelafirmar que a atividade pecuária cresceu bastante e foi umfator de pressão”, apontou.Presidente do Ibama comenta PAC, desmatamento e licenciamento ambiental em entrevista exclusiva. Ouça a íntegra: