Exposição fotográfica no Rio lembra vítimas do Holocausto

25/01/2008 - 16h11

Aline Beckstein
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Cinqüenta fotografias mostrando desde a subida do ditador nazista Adolf Hitler ao poder na Alemanha até a devastação dos campos de concentração foram apresentadas hoje (25) ao público, na abertura da exposição Holocausto Nunca Mais, no Palácio Itamaraty, no centro do Rio. As imagens, algumas inéditas, estão acompanhadas de textos e comentários sobre um dos maiores genocídios da história: o Holocausto, que exterminou milhões de judeus e outros grupos indesejados pelo regime nazista durante a Segunda Guerra, como ciganos, eslavos, comunistas e homossexuais. A abertura da exposição integra a programação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. O dia 27 de janeiro foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005, para lembrar a data de libertação dos prisioneiros do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, em 1945. Como neste ano a data cai num domingo, a programação foi antecipada noBrasil.Para lembrar a data, foi realizada no Rio uma cerimônia que reuniu o presidente Luís Inácio Lula da Silva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, membros da comunidade judaica, parentes de vítimas do holocausto e ex-combatentes brasileiros na Segunda Guerra Mundial.O rabino Yehoshua Goldman disse que a lembrança serve como mecanismo de proteção para o futuro. "O povo judeu usa suas festas, como a Páscoa, para lembrar o passado. Não esquecer nunca o que aconteceu no passado é a única forma que temos para proteger o futuro." "Essa data não serve só para lembrar o passado - isso os livros de sobreviventes já fazem muito bem. O mais importante hoje é pensar e fazer algo para que as atrocidades não voltem a acontecer", afirmou o rabino. Enquanto um telão passava imagens de prisioneiros em campos de concentração, o checo Alfredo Sobokta, de 80 anos, recordava o passado. Aos 15 anos, ele foi levado com os pais e o irmão de 11 anos para um gueto e depois para os campos de concentração Auschwitz-Birkenau e Gleiwitz 3. Hoje, casado, com três filhos e seis netos, Sobotka ainda traz, marcado no pulso, o número de inscrição colocado pelos nazistas. O pai foi morto na câmara de gás por recusar a se separar do irmão mais novo. Além dele, a mãe foi a única da família que sobreviveu."No dia em que o Exército russo libertou o campo, eu já estava muito fraco. Outras pessoas já tinham sido levadas do campo pelos alemães, mas eu estava tão fraco que não conseguia nem mais ficar em pé. Quando ouvi um barulho, me escondi debaixo da cama. De repente, ficou um silêncio e entrou o Exército russo. E aí acabou", contou Sobotka, emocionado.