Para especialista, ministro passa “otimismo demasiado” sobre energia

09/01/2008 - 21h44

Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aoinvés de negar a possibilidade de apagão de energia em2008, o ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner,deveria admitir o risco e pedir a colaboração dapopulação, além de ter em mãos um plano B. A avaliação é do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adriano Pires,que fundou o Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), empresade consultoria na área da indústria de energia. Ele apontou três fatores que tornariam evidente o risco de racionamento: falta de gás suficiente para atender o mercadotérmico e o não-térmico, escassez de chuvas e a perspectiva de retomada do crescimento econômico, que aumenta ademanda por energia. “Nãoestá chovendo o que deveria chover, está faltando gás,a população deve usar a energia de forma racional. Evamos torcer para chover. Seria melhor o ministro [NelsonHubner] falar a verdade, com maturidade política, de formatranqüila”, afirmou, ao lembrar que em 2001 a populaçãosó foi alertada depois da crise instalada.Nos últimos cinco anos, acrescentou, o governo brasileiro “deu sorte” porque o alto volume de chuvas e ocrescimento econômico teriam mascarado osproblemas do setor de energia. Pires disse ainda que investimentos privados foram desprezados em contrapartida a umaaposta nas estatais: “Precisamos ser mais pragmáticos emenos ideológicos na gestão do setor elétricobrasileiro.” Asolução apontada pelo diretor do CBIE para é a diversificação da matriz energética,que hoje tem aproximadamente 85% o total gerados por hidrelétricas: “O governo deve estimular investimentos emtérmicas a carvão, a bagaço de cana, em nucleares e eólicas. Vamos continuar com a água como principalfonte, mas ela deve perder o peso relativo, para que no futuro estejamos mais protegidos."