Bolsistas do ProUni pedem mudanças no programa

24/11/2007 - 19h50

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Estudantes bolsistas do Programa Universidade paraTodos (ProUni) de São Paulo entregaram uma carta ao ministroda Educação, Fernando Haddad, na tarde de hoje (24), comnove reivindicações e sugestões de melhorias aoprograma. Entre elas, os estudantes pedem mais clareza de critériose informações sobre o programa, o incentivo de ingressoem cursos de pós-graduação e o fim da exigênciade comprovação de renda anual.A carta foi entregue durante o 1º Encontrodos Estudantes do ProUni, organizado pela União Estadual dosEstudantes de São Paulo (UEE), pelo Centro de Estudos eMemória da Juventude (CEMJ) e pela União Nacional dosEstudantes (UNE), em São Paulo.Haddad disse que "a maioria das reivindicações émuito procedente" e afirmou que a resposta para o documento apresentado pelosestudantes será "rápida" e pode ocorrer atéo final deste ano. "Vamos processar pela nossa consultoriajurídica. Já há uma comissão instaladaque vai se unir com mais periodicidade. O documento está muitobem formulado, sem dúvidas sobre o que eles estãoreivindicando, de modo que a resposta é mais simples quando ademanda é mais objetiva", explica.De acordo com o ministro, um dos itensconsiderados mais polêmicos é o que diz respeito ao fimda comprovação de renda anual dos estudantes."Entendo que os casos apresentados sãobastante tocantes porque muitas vezes alguém da família,ao longo de quatro ou cinco anos, arruma um emprego e o estudante sevê ameaçado com a perda de bolsa", afirmou. "Noinício do programa fomos muito rígidos com isso porqueimaginamos que poderíamos perder o controle sobre quem seriamos bolsistas do programa. Hoje é possível repensar essarigidez sobretudo pelos exemplos que eles nos trazem e nos tocam",disse Haddad, acrescentando que, em caso de mudança, o governonão vai dar "abertura para que alguém possa sebeneficiar indevidamente" do ProUni.Para o presidente da UEE, Augusto Chagas, ocritério da comprovação da renda precisa serrevisto porque o estudante pode sair de uma determinada faixasalarial para outra um pouco maior que não permite que elepague a mensalidade de um curso superior. "Essa questão épolêmica, mas achamos que grandes mudanças (salariais)são raras exceções. Não se pode fazer aregra baseada na exceção", afirma.Lúcia Stumpf, presidente da UNE, afirmouque o movimento estudantil vai continuar lutando para garantir que o governo cumpra as reivindicações. "Vamos nos organizar dentro de cadauniversidade e fazer as mobilizações que foremnecessárias para que elas sejam implementadas", disseela, destacando que a UNE pretende lutar também para que "asbolsas do ProUni sejam oferecidas em instituições comqualidade referenciada e que respeitem o processo democrático", diz.Para estudantes bolsistas do programa queparticiparam do evento de hoje, um dos grandes problemas do ProUni éa questão da transferência de unidade, turno ou curso,negada pelas faculdades de ensino. "Se você muda de casa, você nãopode mudar de unidade de ensino e pode perder a bolsa", explicaDaniel Lopes, estudante de biologia da Universidade Estadual Paulista(Unip) e bolsista integral do ProUni há dois anos. Durante o evento, Haddad adiantou que a CaixaEconômica Federal vai abrir um programa para priorizar acontratação de estagiários do ProUni. Segundoele, a proposta ainda não tem data para ser anunciada, masdeve ser levada depois para outras estatais.As inscrições para o processoseletivo para o primeiro semestre de 2008 do ProUni começamnesta segunda-feira, somente pela internet, na páginaeletrônica do programa. Para participar, o estudante deve terobtido, no mínimo, 45 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio(Enem) e ter cursado o ensino médio em escola públicaou como bolsista na rede particular de ensino. O estudante tambémdeve comprovar renda familiar de até um salário mínimoe meio (R$ 570) para obter a bolsa integral, e de até trêssalários (R$ 1150) para a bolsa parcial.