Advogados de Marcos Valério e de publicitários contestam denúncia sobre "mensalão mineiro"

22/11/2007 - 18h40

Irene Lôbo e Mylena Fiori
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - O caso do mensalão, que já está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não tem relação com a campanha eleitoral de 1998 em Minas Gerais, alega o advogado Marcelo Leonardo, responsável pela defesa do empresário Marcos Valério de Souza.Ontem (21), o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, encaminhou ao Supremo denúncia contra Valério, dois sócios e mais 12 pessoas por suposto envolvimento em desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro para financiar a campanha à reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. A decisão, no entanto, só foi divulgada hoje (22). Marcos Valério está entre os denunciados nos dois processos."Uma coisa foi o que aconteceu no governo Lula e outra em 1998", afirmou Marcelo Leonardo. O advogado disse que vai aguardar a cópia oficial do inquérito encaminhado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para analisar a denúncia e se manifestar.De acordo com o procurador-geral, a campanha de Azeredo, atualmente senador por Minas Gerais, foi financiada com o desvio de recursos públicos e empréstimos fictícios obtidos pela empresa de Marcos Valério. O dinheiro seria supostamente lavado por meio de eventos esportivos.Responsável pela defesa de Ramon Hollerbach, sócio de Valério, o advogado Hermes Guerrero afirma que o está no inquérito é um mal-entendido. Segundo ele, o dinheiro recebido pela agência de publicidade SMPB foi, de fato, usado em eventos esportivos."Já conversei com o Ramon e ele tem documentos que provam a realização dos eventos. Existem documentos que provam que todo o dinheiro foi gasto no enduro esportivo", afirmou Guerrero, referindo-se ao Enduro Internacional da Independência. "A agência [SMPB] constantemente produzia eventos e buscava patrocínio, trazia divisas para o turismo mineiro. Não existem provas na denúncia porque isso não ocorreu", rebate.Guerrero disse ainda não ter encontrado, na denúncia da PGR, nenhuma prova de que alguém tenha se apropriado do dinheiro. "Não vi dinheiro entrando nas contas. Na dúvida, sempre predomina a versão da acusação, até chegar o momento da sentença", disse. Ele destacou que o procurador-geral apenas ofereceu a denúncia, que pode ou não ser recebida pelo Supremo.Advogado de Cristiano Paz, outro sócio de Marcos Valério, Castellar Modesto Guimarães Neto disse que ainda não teve acesso ao teor integral da denúncia e que só depois se pronunciará sobre o caso.Os três sócios da SMPB já respondem ação penal aberta pelo STF, em agosto deste ano, contra 40 acusados de envolvimento em esquema que ficou conhecido como mensalão. Os advogados dos sócios disseram que vão pedir que seus clientes não sejam ouvidos pela Justiça Federal em Minas Gerais, como determinou o relator do processo no Supremo, ministro Joaquim Barbosa. Eles querem que seus clientes prestem depoimentos diretamente ao relator.