Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A proporção de atrasos nos vôos caiu à metade do registrado nos piores momentos da crise aérea neste ano. A conclusão é de relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apresentado hoje (31) pelo ex-presidente do órgão, Milton Zuanazzi, antes de deixar o cargo.De acordo com o documento, os períodos em que houve mais atrasos neste ano foram entre 1º e 21 de junho e entre 16 e 22 de julho, dias que seguiram ao acidente com o Airbus da TAM, em Congonhas (17 de julho). Nesses dois intervalos, os atrasos chegaram a 40% de todos os vôos.A medição mais recente da Anac, porém, aponta média de 20% de atrasos entre 22 e 28 de outubro. A menor média do ano foi registrada entre 10 de setembro e 14 de outubro, quando os atrasos atingiram 10% dos vôos.Os cancelamentos também apresentaram redução, segundo a Anac. Chegaram à casa dos 30% entre 1º e 21 de junho, mas caíram para cerca de 10% em seguida, mantendo-se nesse nível até o último domingo (28). Nos últimos cinco meses, as únicas variações na média de cancelamentos ocorreram nos dias seguintes ao desastre com o vôo da TAM (média de 15% dos vôos cancelados) e de 23 a 29 de julho (em média, os cancelamentos atingiram 20% dos vôos).De acordo com o relatório, os atrasos superiores a uma hora, apesar de estarem “em patamares não-ideais”, registram médias menores do que os anos anteriores. Segundo o relatório, a média de atrasos e cancelamentos, entre 3 e 9 de setembro deste ano, foi de 10% em ambos os casos. No mesmo período de 2003, ressalta o documento, essas médias eram de 14% e 19%, respectivamente.Conforme o documento, 12.439 reclamações de passageiros estão nos registros da Anac desde a criação da agência, em 2005. O relatório justifica que 6 mil dessas reclamações foram herdadas do antigo Departamento de Aviação Civil (DAC), órgão antecessor da Anac.A demora para a resposta dos processos, aponta o relatório, dá-se pela falta de profissionais qualificados para a aviação civil. No entanto, a Anac já providenciou um "mutirão jurídico" para agilizar a solução das reclamações.Em entrevista coletiva antes de renunciar, Zuanazzi afirmou que os índices ainda não são os melhores, mas estão longe de serem ruins por causa do trabalho dos funcionários da Anac. "Desejo que a gente melhore a aviação brasileira e aproveite esses técnicos da Anac, que entendem de aviação", declarou, em recado ao ministro da Defesa, Nelson Jobim.