Movimentos sociais divergem sobre queda nos homicídios por armas de fogo

24/10/2007 - 19h48

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A pesquisa dos Ministérios da Saúde e da Justiça que mostra redução de 12% no número de mortes por armas de fogo entre 2003 e 2006 provoca divergências entre as entidades que trabalham no combate à violência. Algumas organizações afirmam que o levantamento retrata a situação do país após a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento. Outras porém alegam que os dados excluem os homicídios cometidos com outros tipos de arma.O presidente do Movimento Viva Brasil, Benê Barbosa, diz que a pesquisa não reflete a realidade da violência no país. “Estão varrendo para baixo do tapete milhares de assassinatos que não foram com arma de fogo, dando para a população uma falsa sensação de que os homicídios estão caindo”, critica.Segundo Barbosa, é preciso diminuir todos os tipos de crime no país. “Para quem perde um ente querido, não importa se ele foi morto com uma arma de fogo ou com uma pedrada. Ele está morto do mesmo jeito, foi assassinado, e isso é que precisa diminuir”, alerta.Para o presidente do Movimento Viva Brasil, a intenção do governo é tentar demonstrar que a política de segurança pública adotada está dando certo. “E isso é uma mentira”, completa. Barbosa defende a adoção de políticas públicas para combater a criminalidade. “A prática tem demonstrado que o número de homicídios diminui exatamente quando o Estado atua onde há criminalidade. Se isso não for feito, não adianta campanha de desarmamento ou qualquer outro tipo de mobilização”, afirma. A diretora de Desenvolvimento Institucional do Instituto Sou da Paz, Melina Risso, no entanto, acredita que os dados refletem a realidade atual do país. Segundo ela, o Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003, ajudou a diminuir o número de mortes por armas de fogo ao proibir o porte delas. “Está comprovado, em todos os países do mundo: quanto menos armas em circulação, menos mortes, seja por homicídios, suicídios, acidentes. A arma é um fator de risco muito grande”, avalia.Risso defende o investimento em programas de prevenção para diminuir a violência no Brasil. “É preciso ter um bom diagnóstico do que está acontecendo e qualificar a repressão, aprimorando não só os equipamentos, mas também a inteligência”, afirma. Ela destaca a importância da sociedade civil para a diminuição da violência no país. “Todo mundo é responsável pela violência, temos que assumir parte desta responsabilidade”, diz.