Lula pede a empresários apoio para aprovação da reforma tributária

24/10/2007 - 20h54

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o apoio do empresariado brasileiro para, com os governos estaduais, viabilizar a aprovação da reforma tributária. Em reunião na manhã de hoje (24) com os cem maiores empresários do país, Lula garantiu que a reforma está pronta, mas só será enviada ao Congresso Nacional quando o governo federal estiver seguro da aprovação. "Da parte do governo federal não tem nenhum senão com a reforma tributária. Nós a mandaremos para o Congresso Nacional no momento em que entendermos que o Congresso Nacional está preparado para votar e que os governadores vão aceitar", afirmou o presidente. "É preciso convencer os entes federativos de que isso está resolvido para que eles possam aprovar, e vocês podem ser parceiros importantes nisso", destacou.Quanto à reforma trabalhista, porém, o presidente reconheceu que há dificuldade de consenso e defendeu maior diálogo entre trabalhadores e empregadores no âmbito do Fórum Nacional do Trabalho. E afirmou que é preciso construir maioria na sociedade: "Sempre vai ter uma ou outra categoria que não vai estar satisfeita, mas essa história de construir 100% de consenso não existe."Lula também pediu mais ousadia do empresariado na busca por novos mercados: "No mundo globalizado, ou a gente coloca a cara e os pés no mundo para disputar espaço ou perde esse espaço." Ele citou a viagem que fará no próximo ano à Indonésia, país de 210 milhões de habitantes com o qual o Brasil tem um intercâmbio comercial de apenas US$ 1 bilhão. "Se nós não tomarmos a iniciativa de ir à Indonésia e dizer que nós existimos, que nós temos índios, que temos a Amazônia mas que também produzimos avião, que também temos indústria de máquina moderna....", disse. E instigou os executivos presentes: "Quando eu for à Indonésia, nós temos que fazer uma ocupação da Indonésia."O presidente reconheceu, no entanto, que o governo federal também deve "cuidar" de setores que vão mal e "punir" setores responsáveis pela inflação: "Hoje, depois de tantas décadas perdidas, todo mundo chega à conclusão de que o Brasil precisa ter uma boa política industrial, de que o Brasil precisa ter um projeto, ter uma prateleira de projetos de infra-estrutura para atender à demanda na hora em que ela se apresente. E nós não temos."Os empresários apresentaram suas demandas – a principal delas, a redução da carga tributária. Ao final da reunião, que ocorreu a portas fechadas, o presidente da Votorantim Industrial, José Roberto Ermírio de Moraes, afirmou que Lula "reconhece que no momento o Brasil ainda precisa dessa carga tributária por causa da questão dos programas sociais, que é uma ênfase do governo atual". E que esses programas "certamente têm mostrado resultado significativo nas regiões menos favorecidas". No discurso divulgado pela Secretaria de Imprensa da Presidência, no entanto, não há qualquer referência do presidente Lula à atual carga tributária.