Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Saúde quer diminuiro número de recém-nascidos que apresentam infecçãopor HIV/aids e sífilis congênita. A açãofaz parte do Plano Nacional de Redução da TransmissãoVertical do HIV e da Sífilis Congênita, um conjunto demetas apresentado hoje (24) pelo ministro José Gomes Temporãopara tentar reverter o atual índice dessas doenças. Noano de 2005, foram detectadas 530 casos de transmissãovertical de HIV (transmissão do vírus da mãepara o bebê) e 5.710 ocorrências de sífiliscongênita. Os dados fazem parte do Boletim Epidemiológico, divulgado pelo ministério. Entre as medidas que o governo pretende adotarestá a ampliação dos exames anti-HIV paramulheres grávidas. Dados do estudo Sentinela Parturiente,realizado em 2006, aponta que 19% das gestantes não fizeram oexame nem durante o pré-natal nem no momento do nascimento dacriança. Nesse mesmo período, cerca de 62% das futurasmães fizeram o teste anti-HIV durante a gravidez. O percentualé considerado baixo pelo ministério que recomenda quesejam feitos pelo menos dois testes de sífilis e dois de HIVdurante o pré-natal.
O ministro da Saúde acreditaque a pesquisa permite um retrato claro da situação nopaís. Segundo ele, a partir desse diagnóstico, foipossível construir um plano de ação. “Nóstemos agora uma estratégia adequada. Nós sabemosexatamente onde estão os problemas. E temos ferramentas einstrumentos para enfrentá-los e metas para alcançaraté 2011”.O Plano Nacional de Redução daTransmissão Vertical do HIV e da Sífilis traz metas aserem cumpridas pela União, estados e municípios para aredução escalonada e regionalizada da transmissãovertical das doenças.
Temporão destacou que oMinistério da Saúde aumentou a disponibilizaçãode recursos financeiros para aumentar a realização dosexames. “Estamos colocando mais R$ 16 milhões para darcobertura ao volume de exames adicionais que serão realizadosa partir do enfrentamento dessa situação”.Atualmente, o Ministério investe R$ 38 milhões naaquisição de medicamentos anti-retrovirais e em testesde HIV e sífilis.
“Nós estamos propondo, nocaso de regiões de difícil acesso, onde nós nãotemos uma infra-estrutura laboratorial, que nós possamos usartecnologia brasileira. Radicalizarmos a ampliação doteste rápido para o HIV nessas regiões”, defendeu oministro.
Temporão afirmou que asituação de infecções por sífiliscongênita e HIV em recém-nascidos no Brasil éinadmissível. “É uma situação que nospreocupa. Eu acho que dentro dos padrões de desenvolvimento doSistema Único de Saúde (SUS) e considerando osimportantes avanços que nós já tivemos na saúdepública, não é admissível que nóstenhamos essa realidade. Nós temos que enfrentar essasituação”.
Temporão acredita que, com ocumprimento das metas do plano de redução, épossível uma mudança de cenário a partir de2011.
“A realidade é uma reduçãobrutal do risco das crianças apresentarem qualquer problema deAids ou sífilis transmitidas pela mãe. Porque essasduas situações podem trazer doenças graves,tanto na infância como depois que essa pessoa crescer, na vidaadulta. São duas doenças graves que podem causarproblemas de saúde importantes. Toda a estratégia deprevenção, da vacinação, da realizaçãodos testes podem evitar problemas futuros do ponto de vista da saúdepública”.
Os testes não sãoobrigatórios no país, mas o ministro lembrou que éimportante que as mulheres tenham consciência do direito defazer esses exames. “Isso tem que fazer parte. Ela tem que cobrardo médico”.A erradicação da sífiliscongênita e o combate ao HIV/Aids são condiçõesestabelecidas nas Metas do Milênio, conjunto de objetivosdefinidos pela Organização das NaçõesUnidas (ONU), em 2000, para tornar o mundo mais solidário ejusto, até 2015.