Gastos com investimentos do PPI caem pela metade de agosto a setembro

24/10/2007 - 19h00

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os gastos do governo com o Programa Piloto de Investimento (PPI) – obras na área de infra-estrutura e saneamento consideradas prioritárias pelo governo – caíram quase à metade em setembro na comparação com agosto. Esses investimentos saíram de R$ 697,2 milhões em agosto para R$ 336,3 milhões no último mês.Influenciada pelo PPI, o crescimento acumulado em 12 meses das despesas com investimento foi menor em setembro. Enquanto a variação de agosto em relação ao mesmo mês do ano passado foi de 35%, o crescimento em setembro na comparação com setembro de 2006 foi de 28%.O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse, no entanto, que essa redução não representa uma tendência. Isso porque agosto, segundo ele, foi atípico em relação ao volume de investimentos. “Agosto foi um mês mais forte em termos de programação de investimentos. Essa queda não significa que os investimentos continuarão a cair", rebateu. A perspectiva, segundo Augustin, é de elevação das despesas com investimentos nos próximos meses.Nos nove primeiros meses deste ano, os investimentos somaram R$ 12,4 bilhões, contra R$ 9,7 bilhões no mesmo período do ano passado. Isso mostra, no entender de Augustin, uma melhora no perfil dos gastos do governo, que, embora crescentes, concentram-se menos no custeio da máquina e mais nos investimentos."O que se observa, na minha visão, é um crescimento menor das despesas de custeio e um aumento maior dos investimentos", analisou o secretário. Ele também destacou que os investimentos, com 28% de aumento, cresceram mais que os gastos com pessoal (12,5%) e que as despesas com benefícios previdenciários (11,2%).O secretário, no entanto, afirmou que o governo está atento à elevação das despesas com pessoal, que foi superior ao aumento das receitas (12,2%) entre janeiro e setembro de 2006 e de 2007. "A tendência desse número é se alinhar positivamente", argumentou. Augustin lembrou ainda que o governo tem um projeto de lei no Congresso que limita o aumento de despesas com pessoal a 1,5% acima da inflação.Augustin defendeu uma discussão mais "profunda" sobre o tema, pois, ao mesmo tempo em que é preciso conter gastos, o crescimento econômico exige melhorias na remuneração dos servidores. "Uma tendência de melhoria da economia exige às vezes um aumento e melhoria de remuneração. Por outro lado, em termos de sustentação fiscal, é preciso ver o efeito disso", ponderou.O importante, para ao secretário, é que o governo fechará as contas ao final do ano e cumprirá a meta superávit primário – economia feita pelo governo para cumprir os compromissos da dívida.Apesar de o superávit primário do governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central) ter sido de apenas R$ 44 milhões em setembro, contra R$ 3,663 bilhões em agosto, o secretário afirmou que, no ano, o saldo está em linha com a programação financeira. De janeiro a setembro, segundo ele, o superávit foi de R$ 51 bilhões, próximo à meta de R$ 53 bilhões para 2007.