Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Macapá - O procurador geral de Justiça do Amapá, Fernando Aguiar, anunciouhoje (24) que a direção da Fundação Nacionalde Saúde (Funasa) vai liberar, em 48 horas, R$ 1,5 milhão para opagamento de dívidas da Associação dos Povos Indígenas do Amapá(Apitu), uma das organizações não-governamentais responsáveis pela administração dos recursos destinados pelo governo federal à saúde indígena. "Essevalor já foi liberado e será creditado em no máximo 48 horas na contada Apitu. Tenho cópia do documento que comprova a liberação. A condição da direção da Funasa para o manuseio desse dinheiro é que aApitu aceite o acompanhamento do gasto por pelo menos dois técnicos da fundação. É uma ajuda especializada", explicouAmedida é uma resposta à ocupação pacífica da sede da Funsa em Macapá, por cerca de 150 indígenas das etnias Karipuna, Palikiur, eGalibi-karinã. Eles saíram do município de Oiapoque, a quase 700quilômetros da capital, para cobrar do poder público mais atenção à saúde indígena na região. E foram recebidos pelo coordenador da Funasano Amapá, Gervásio Oliveira, que marcou reunião deles com alguns membros do Ministério Público Federal e daFundação Nacional do Índio (Funai). Durante a reunião os indígenas denunciaram atraso de dezmeses no pagamento dos salários dos que atuam no setoradministrativo da Apitu, falta de medicamentos básicos nas unidadesde saúde à disposição dos moradores das aldeias e de mantimentos na Casa do Índio em Macapá. E exigiram mais autonomia para os Distritos EspeciaisIndígenas e obras de saneamento nas aldeias.Deacordo com Elza Figueiredo, líder da aldeia Kumarumã, da etnia Galibi-Karinã, a mobilização é fruto da necessidade de atençãourgente para o acompanhamento dos índios que estão doentes ou precisamde remédios. "Nós estamos cansados, não temos dinheiro para comprar os remédios, precisamos saber quando essa situação vai melhorar. Não viemos aqui para quebrar, mas para procurar nossos direitos, porque a saúde e a doençanão podem esperar", afirmou.Aindano encontro, o procurador Fernando Aguiar sugeriu ao coordenador Gervásio Oliveira que determine a instauração de procedimentosadministrativos disciplinares para apurar a conduta dos técnicos queatuam na administração da Casa do Índio. Segundo dados da Funasa no Amapá, o estado concentra cerca de 8,8 mil indígenas, divididos entre sete etnias distintas.