Comissão da Câmara aprova adesão da Venezuela ao Mercosul

24/10/2007 - 14h26

Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou hoje (24) a adesão da Venezuela ao Mercosul, após cerca de cinco horas de discussões marcadas por polêmicas entre governistas e oposicionistas.Logo no início da reunião, o deputado William Woo (PSDB-SP) apresentou requerimento para retirar o assunto de pauta até que fosse melhor analisada a estabilidade da democracia na Venezuela. O requerimento foi rejeitado. O relator da mensagem do Executivo de adesão da Venezuela ao Mercosul, deputado Dr.Rosinha (PT-PR), apresentou parecer favorável. Ele disse que "nessedebate não caberia tanto esse empecilho ideológico, uma vez que o queestamos debatendo é a entrada de um país no Mercosul e não de umgovernante no Mercosul. Na minha opinião, os Estados Unidos não têmdemocracia, pois a eleição é indireta. Se for comparar Estados Unidos eVenezuela em termos de eleição, a Venzuela é mais democrática".As atitudes recentes do presidente Hugo Chávez na condução do país - como os planos de nacionalização de empresas; a não renovação de um canal de televisão e a declaração de que tornaria a Bolívia um Vietnã se seu presidente fosse desestabilizado - foram alvo de discussões entre os deputados. Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP), não há estabilidade política no país, o que descredencia a Venezuela de integrar o Mercosul. "Há uma preocupação com instabilidade que hoje existe, a meu ver, na Venezuela, decorrente das ações do governo", afirmou o deputado. "Há poucos dias, Hugo Chávez fez uma declaração de que se houvesse uma ameaça à situação de [presidente] Evo Morales na Bolívia, ele faria uma intervenção militar. E usou inclusive as expressões Vietnã e um milhão de metralhadoras. Esse tipo de declaração é inaceitável por parte da qualquer governante na América Latina", afirmou Pannunzio. O líder do DEM na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), lembrou aos parlamentares que a Constituição do Mercosul determina que todos os países que compõem o bloco devem ter regime democrático. "Por que rasgar esse princípio fundamental?", questionou. A mensagem agora será apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça para depois ser votada no plenário da Câmara. O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul prevê prazo máximo de quatro anos para que o país adote as normas do grupo. O mesmo prazo é imposto para que o país adote a Tarifa Externa Comum (TEC).Argentina e Uruguai já aprovaram a adesão da Venezuela ao bloco. Além do Brasil, o protocolo também está em tramitação no Legislativo do Paraguai.