Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os parlamentares da Bancada Ruralista dificultam avotação de matérias relacionadas àreforma agrária. Por outro lado, têm uma agenda positiva nosassuntos que dizem respeito à indústria da biotecnologia. Deacordo com o cientista político Edélcio Vigna, assessorda ONG Instituto de Estudos Sócioeconômicos (Inesc),apesar de representarem 23% da Câmara dos Deputados esse éum grupo articulado capaz de mobilizar os colegas em torno de seusinteresses.O cientista político é autor de umapesquisa divulgada esta semana que aponta na atual legislatura 116membros na Bancada Ruralista na Câmara dos Deputados, o querepresenta um crescimento de 58,9% em relação àlegislatura anterior. Mostra também que 25% da bancada éaliada do governo federal e tem deputados em todos os partidos, comexceção do PT e do PCdoB, sendo a maioria integrante doPMDB, Democratas e PP. Na pesquisa, Vigna destaca que a forçapolítica dos ruralistas está na capacidade demobilização do grupo, que se articula para adiar avotação de matérias com base em recursosconstitucionais, pressão contra o governo e mobilizaçãode colegas. “A bancada pode algumas vezes mobilizar o dobro de seusmembro efetivos alcançando, algumas vezes, a maioria absolutados 513 membros da Câmara”, diz o texto.Como exemplo da mobilização dosruralistas, que são deputados ligados à atividadeagrícola, está a articulação para barrara aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC)438/2001, que prevê, para fins de reforma agrária, oconfisco sem direito a indenização, de propriedadesonde for encontrado o trabalho escravo. Neste caso, o cientistapolítico explica que a atuação da bancada se dáno sentido de impedir a entrada da PEC na pauta de votação,obstruindo, por exemplo, reuniões de liderança.“Cada vez que o governo é pressionadopelos movimentos sociais para colocar na pauta do Congresso a PEC dotrabalho escravo ele é pressionado pela Bancada Ruralista, queameça não votar a favor de matérias de interessedo governo”, afirma Vigna. A proposta já foi aprovada emdois turnos no Senado e no primeiro turno na Câmara em 2004.Até hoje, aguarda a segunda votação na Casa.