Raphael Ferreira
Da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O Ministério do Turismo promoveu hoje (19), no centro do Rio de Janeiro, um seminário para discutir a relação entre a exploração sexual de menores na cidade por visitantes. O evento faz parte do Programa Turismo Sustentável e Infância, que realiza palestras em 14 estados e no Distrito Federal.Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio, mais de 220 crianças e adolescentes se prostituem em diversospontos da cidade. A região de maior incidência é o centro, com cerca de70 jovens, entre meninos, meninas e travestis. A Avenida Atlântica,ponto turístico carioca, também apresenta alta incidência de exploraçãosexual de menores.O programa do ministério envolve cerca de 20 mil trabalhadores da cadeia produtiva do turismo nacional. Até novembro, pesquisadores das áreas de ciências sociais, turismo, administração e marketing realizarão encontros sobre o tema.A coordenadora nacional do programa, Elisabeth Bahia, afirma que a mudança no foco das propagandas turísticas colabora para diminuir a entrada no país de turistas com o perfil de exploradores sexuais. "Desde 1990, a Embratur [Empresa Brasileira de Turismo] já mudou todo o tipo de propaganda do Brasil, convidando para conhecer nossas belezas naturais e nossa cultura. É algo que fica no imaginário das pessoas", diz.Para a pesquisadora do Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB) e palestrante do evento, Iara Brasileiro, a orientação dos profissionais de turismo aos visitantes estrangeiros é essencial combater a exploração sexual de menores. O problema, na avaliação dela, tem origens sociais: "A desigualdade social no nosso país e a cultura de conivência com o crime contribuem para a prostituição de menores".O Disque-Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes recebe informações de todo o país. Basta discar gratuitamente para o número 100. Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, o total de denúncias no Brasil neste ano foi de mais de 44 mil, cerca de 4 mil só no estado do Rio de Janeiro.