Leandro Martins*
Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Liminar concedida pela Justiça Federal garantiu que os trens da Estrada de Ferro Carajás, no Pará, voltassem a circular. A ferrovia foi ocupada, na última quarta-feira (17), por cerca de 400 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O bloqueio aconteceu na altura dos distritos Vila dos Palmares 1 e 2, no município de Parauapebas, no sudeste do estado. A invasão durou um dia e causou a paralisação dos trens. Nesse período, 2.700 vagões de carga deixaram de circular, interrompendo o transporte diário de 250 mil toneladas de minério de ferro e de 1.300 pessoas. No final da tarde de ontem (18), com a decisão do juiz federal Francisco de Assis Garcês Castro Júnior, o grupo do MST desocupou os trilhos da ferrovia e os trens voltaram a circular, mas somente para o transporte de cargas. Segundo a Companhia Vale do Rio Doce, a velocidade está reduzida para garantir a segurança das pessoas que estão próximas à ferrovia, inclusive crianças. A coordenadora do MST no Pará, Izabel Rodrigues, disse que o grupo continua acampado à beira da Ferro Carajás. Segundo ela, só há intenção de deixar o local após uma reunião com a governadora do estado, Ana Julia Carepa, representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Temos uma pauta extensa”, disse. Eurival Martins Carvalho, que também é da coordenação do MST, afirma que na região há carências nos setores de moradia, saúde e emprego. Segundo ele, um dos motivos da ocupação da ferrovia era pressionar as autoridades para acelerar a reforma agrária da região. "A ocupação se deu devido à conjuntura colocada aqui na região e em nível nacional", afirma Eurival. "Nós, do MST, estamos aqui há cinco anos na região do Carajás, no estado do Pará, sem obter um conquista sequer em relação a território, em relação à criação de assentamentos”, completou. A agricultora Izabel Rodrigues acrescentou que uma das reivindicações é a regularização de um assentamento em Parauapebas, que já existe há quatros anos. O gerente-geral de meio ambiente, segurança e relações institucionais da Companhia Vale do Rio Doce, José Carlos Souza, diz que a empresa não tem nenhuma responsabilidade sobre as reivindicações dos manifestantes, como a defesa da reforma agrária e protesto contra o imperialismo. "Apesar de citarem a Vale, a Vale não tem nenhuma pendência com aquelas comunidades. Nós lamentamos porque isso traz prejuízos gigantescos para o país e para todas as entidades e das empresas que dependem do transporte e dos serviços que a Vale do Rio Doce presta para eles", argumentou Souza. Há dez dias, trabalhadores rurais da mesma região ameaçaram arrancar os trilhos da Estrada de Ferro Carajás. O protesto foi contra a privatização da Companhia Mineradora Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997. A Vale tem a concessão federal para utilização da Ferrovia Carajás, que liga o sudeste do Pará ao Porto da Madeira, em São Luís, Maranhão. A ferrovia foi inaugurada em 1985, e por ela são transportados minérios, soja e o combustível consumido no sudeste do Pará. * Colaborou Isabela Vieira