Agencia Telam*
Brasília - Três policiais foram mortos na madrugada de hoje (19) por tiros de pistola novemilímetros - mesmo calibre usado pela polícia - no interior de umaestação de transmissão do Ministério da Segurança, nos arredores dacidade de La Plata, na Argentina. O presidente Néstor Kirchner vinculou o assassinato à proximidade das eleições presidenciais, no próximo dia 28."Não é causalidade que, quando vamos chegando a uma definiçãoeleitoral, apareçam coisas que definitivamente queremos deixar paratrás. Há muitos setores e interesses que indubitavelmente foram tocadosnesta etapa e [assim] foi terminando a impunidade".Em cerimônia para anunciar obras na província de Jujuy, noNoroeste do país, Kirchner alertou os cidadãos sobre esse tipo de ato."Há alguns que querem voltar à velha Argentina, que não querem ser julgados, que querem seguir mantendo nichos mafiosos e continuar em seus esconderijos".E acrescentou: "Quando um fala contra certas coisas, deve ter a identidade moral para falar desses temas com propriedade, mas se unem com setores que tiveram muito a ver com a feroz ditadura que viveu a Argentina".Para o presidente, o crime pode ser fruto de "um ajuste de contas, deum ato mafioso" ou mesmo estar relacionado "a uma política que levamosadiante em matéria de direitos humanos".Por 26 anos, o país viveu uma das mais violentas ditaduras da América Latina, resultando em cerca de 30 mil mortes e desaparecimentos. O último período, e mais cruel, ocorreu no período entre 1976 a 1983, encabeçada pelo general Rafael Videla.Ao assumir a presidência, em 2003, Kirchner criticou veementemente a violação de direitos humanos nesse período. Em 2005, com o fim das chamadas Leis do Perdão, a Corte Suprema da Argentina encerrou o congelamento de processos contra militares e repressores acusados de violar os direitos humanos.Ao longo do último ano, o país condenou três homens, incluindo um padre, por crimes contra a humanidade cometidos no regime militar de 1976 a 1983.Ontem (18), teve início o julgamento de um ex-repressor da Escola Mecânica da Armada (Esma), onde milhares de argentinos foram torturados e mortos.